Cigarro e falta de instrução aumentam o risco de anemia na gravidez

13/08/2024 - 17:58  •  Atualizado 13/08/2024 18:25
Texto: Dhébora Molina (bolsista)     Edição: Sueli de Freitas e Thereza Marinho
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Imagem da barriga de uma mulher grávida

Mulheres fumantes e de baixa escolaridade são as mais suscetíveis a apresentarem anemia ferropriva durante o período de gravidez. É o que revela a pesquisa  Anemia em gestantes da Região Metropolitana da Grande Vitória, desenvolvida pela mestranda Elda Damétas, sob orientação do professor Edson Theodoro dos Santos Neto, no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da Ufes. Esse tipo de anemia pode acarretar baixo peso do bebê, parto prematuro, recém-nascido pequeno para a idade gestacional, hemorragia pós-parto, pré-eclâmpsia e levar à necessidade de transfusão de sangue.

O estudo averiguou fatores sociais influenciadores das baixas taxas de hemoglobina durante o período gestacional. Por meio de análise de sangue de 990 puérperas residentes na Região Metropolitana da Grande Vitória, foi observada a frequência de anemia segundo dados sociodemográficos, clínicos e obstétricos, além de hábitos de vida e orientação sobre alimentação saudável.

Na pesquisa foram utilizados dois métodos: o da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o da semana gestacional. No primeiro método, a anemia é definida como  uma concentração de hemoglobina (Hb) abaixo de 110 gramas por litro em qualquer momento da gravidez. No segundo, o diagnóstico é realizado com base em valores de hemoglobina de acordo com a semana gestacional. O método da semana gestacional é aplicado apenas a mulheres acima da 14ª semana de gestação. Sobre isso, o orientador explicou que as mudanças hormonais começam a ocorrer no primeiro trimestre da gestação e a partir da 14ª semana é possível obter dados suficientes para medir as alterações das taxas de hemoglobina decorrentes da gravidez.

Tabagismo

A prevalência de anemia encontrada no estudo diferiu entre os dois métodos de classificação: 29,6% segundo o critério da OMS e 4,6% conforme as semanas gestacionais, devido à classificação da OMS considerar apenas um ponto de corte fixo, enquanto o outro critério considera as trajetórias de hemoglobina de acordo com cada idade gestacional. O fator mais fortemente associado ao desenvolvimento desse desfecho foi o tabagismo, independente do critério utilizado. Na análise feita por meio da semana gestacional, o segundo fator altamente associado foi o grau de escolaridade. Quanto menos escolaridade, maior o risco da anemia.

“Os efeitos do tabagismo durante a gravidez são universalmente conhecidos. O hábito de fumar pode provocar deficiência na absorção da vitamina B12, uma vez que o ácido cianídrico, contido no cigarro, reduz os seus níveis. A deficiência de vitamina B12, por sua vez, causa a queda de hemoglobina, que está associada a parto prematuro, redução na eritropoiese [processo de produção e maturação de hemácias] e leucopoiese [formação dos leucócitos], levando à anemia”, afirmou o professor Edson Theodoro.

Para se precaverem da anemia durante esse período, as gestantes devem tomar cuidados como a realização de orientação nutricional durante todo o pré-natal ou até mesmo no período anterior à gestação, e adotarem hábitos saudáveis. A prevenção envolve também a constância de uma alimentação saudável. Segundo o orientador, para lidar com isso as gestantes podem se basear nas instruções do Guia Alimentar para gestantes, disponibilizado pelo Ministério da Saúde.

Imagem: Daniel Reche (Pixabay)

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