Desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Saúde (PPGNS) da Ufes, a dissertação de mestrado acadêmico Consumo de bebidas alcóolicas e incidência de obesidade abdominal em participantes ELSA-Brasil concluiu que há um maior risco de obesidade abdominal (a famosa “barriga de chope”) em homens, quando associado a um elevado consumo de álcool, porém não foi observado o mesmo em mulheres que participaram do estudo. A autora da pesquisa, Laís Marinho, destaca que há outros fatores associados a esse diagnóstico, como a composição corporal, metabolismo, fatores hormonais e o consumo de álcool.
O levantamento foi realizado sob supervisão da professora e doutora em Ciências Fisiológicas Maria del Carmen Bisi Molina, por meio de análises de dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), uma investigação multicêntrica de coorte composta por 15 mil funcionários de seis instituições públicas de ensino superior e pesquisa das regiões Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil. A pesquisa tem o propósito de investigar a incidência e os fatores de risco para doenças crônicas, em particular as cardiovasculares e o diabetes. Em cada centro integrante do estudo, os sujeitos da pesquisa – com idade entre 35 e 74 anos – fazem exames e entrevistas nas quais são avaliados aspectos como condição de vida, diferenças sociais, relação com o trabalho, gênero e especificidades da dieta da população brasileira.
A pesquisa analisou variáveis antropométricas (medidas e dimensões das diversas partes do corpo humano), sociodemográficas, de estilo de vida e consumo de bebidas alcoólicas de 3.591 participantes, sendo 56% do sexo masculino e 44% do sexo feminino, com idade média de 57,7 anos. Para o diagnóstico de obesidade foram considerados os pontos de corte do perímetro abdominal preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o teste Kolmogorov Smirnov e modelos de Poisson (testes estatísticos).
O estudo longitudinal abrangeu o consumo de bebidas destiladas (cachaça, vodca e uísque), cerveja e vinho (branco e tinto). Após nove anos de acompanhamento, foi observado que a cerveja é a bebida mais consumida por mais da metade da população estudada (72,5%).
Apesar de não ter associação com bebida alcoólica, foi observada também uma maior incidência de obesidade abdominal em mulheres de cor branca e idade média de 56,9 anos, não fumantes, que praticavam menor tempo de atividade física por semana e com menor renda per capita. De acordo com Laís Marinho, a obesidade é multifatorial. O estilo de vida (alimentação inadequada, inatividade física, consumo de bebidas alcoólicas), assim como metabolismo e fatores hormonais, podem estar relacionados ao diagnóstico.
A pesquisadora relatou ainda que a melhor forma de tratar e prevenir a “barriga de chope” é “adotar um estilo de vida mais saudável que associe alimentação, prática de atividade física, e manejo do estresse”.
A pesquisa completa está disponível neste link.
Texto: Dhébora Molina (bolsista de projeto de Comunicação)
Imagem: Freepik
Edição: Thereza Marinho