Estudantes finalistas do curso de Oceanografia da Ufes participaram de uma expedição de sete dias a bordo do navio-escola Ciências do Mar III, um Laboratório de Ensino Flutuante (LEF) com modernos equipamentos, cujo objetivo foi proporcionar aos alunos uma experiência embarcada para realização de atividades de ensino e pesquisa.
O grupo partiu no dia 9 de março em uma viagem até a foz do Rio Doce, navegou por mais de 270 quilômetros em alto mar e, depois, retornou para Vitória no dia 16 de março. Durante o percurso, a equipe coletou amostras de água e sedimentos em profundidades diferentes para medir os impactos da ação humana no mar e os impactos da tragédia da barragem de Mariana, e para analisar a geoquímica de todo o material coletado.
O professor do Departamento de Oceanografia da Ufes Agnaldo Martins, responsável pelo programa didático da disciplina Embarque Supervisionado, acompanhou os estudantes nessa expedição e considera que os objetivos foram plenamente alcançados. “Procuramos dar aos estudantes o protagonismo nas ações para que eles se apropriassem do barco, já que foi feito pra eles. No último dia da expedição eu lancei o desafio para que eles operassem as duas estações oceanográficas 100% por conta deles, sem a minha participação. E foi um sucesso.”, comemorou Martins.
Martins explicou ainda que o projeto LEF foi iniciado quando foi constatada a existência de cerca de 45 cursos de ciências do mar espalhados pelo Brasil. Contudo, não existiam navios-escola para o treinamento dos estudantes. Por isso, o treinamento ocorria de “carona” em embarcações de instituições de pesquisas, universidades e empresas, mas que geralmente não forneciam as condições ideais para o aprendizado dos alunos.
“O objetivo deste navio não é pesquisa, mas ensino. As pesquisas podem e devem ocorrer porque o navio é equipado com instrumentos oceanográficos de última geração, que são os mesmos usados em pesquisas, mas a ideia do projeto é que os estudantes possam interagir com o navio e aprender o que geralmente não é possível em expedições onde eles vão ‘de carona’”, detalhou o professor.
A experiência dos estudantes no navio-escola é parte de um convênio firmado em novembro de 2022 entre a Ufes e a Universidade Federal Fluminense (UFF), que administra o Ciências do Mar III. O navio é compartilhado entre instituições de ensino da região Sudeste que oferecem cursos na área de Ciências do Mar e integra o projeto LEF, tendo outros três navios “irmãos” espalhados pelo litoral brasileiro. Eles foram desenvolvidos pelo Ministério da Educação (MEC) por meio do Programa de Formação de Recursos Humanos em Ciências do Mar (PPGMAR).
Próxima expedição
A segunda expedição em águas capixabas do Ciências do Mar III já está programada para agosto, e será chefiada pela professora do Departamento de Oceanografia da Ufes, Débora Diniz, que já tem experiência com navio-escola. Débora já conduziu uma expedição como essa no Ciências do Mar I, no sul do país.
Para Agnaldo Martins, a maior preocupação é a garantia de recursos para manutenção do navio que permita a realização dessas expedições. “Temos esperança que os recursos sejam ampliados pois estamos com dificuldade de manter o navio nas condições ideais. Um exemplo é a falta de internet durante a viagem, o que dificultou alguns procedimentos durante o primeiro embarque”, enfatizou.