Tese ‘A cidade como espaço de batalha urbicida’ recebe menção honrosa em prêmio da Capes

A tese de doutorado A cidade como espaço de batalha urbicida, do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Ufes, recebeu menção honrosa no Prêmio Teses 2020 concedido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O resultado da premiação foi divulgado nesta quinta-feira, 1º de outubro, e foi recebido com surpresa pelo autor, Márcio José Mendonça, que teve que superar problemas de saúde durante a elaboração do trabalho: “Estou feliz, pois trata-se de um reconhecimento. Existem poucos estudos no Brasil sobre o tema, então o trabalho sofre um pouco de obstáculo para sua difusão, mas agora acredito que as barreiras para divulgação serão menores”, afirma.

Segundo o orientador do trabalho, professor Cláudio Luiz Zanotelli, a relevância da tese está na perspectiva de como as cidades são vistas cada vez mais como verdadeiros campos de batalhas, como lugar de guerra urbana: “Os habitantes vivem em muitos momentos e em muitos lugares na apreensão de uma violência cometida pelo Estado ou por grupos os mais diversos, déspotas que pretendem controlar os espaços urbanos”, explica.

Já Márcio Mendonça afirma que o trabalho é, antes de tudo, um trabalho de crítica radical da questão da violência militar e um instrumento de denúncia, também, da violência da qual são vítimas grupos subalternos e precarizados, por meio da criminalização da pobreza: “Sempre fui interessado por Geopolítica e conflitos militares de modo geral. Logo percebi que os conceitos ‘urbicídio’ e ‘espaço de batalha’ poderiam ser aplicados na análise de conflitos no Brasil, em especial no Rio de Janeiro, onde temos um conflito urbano envolvendo pelo menos três grupos: polícia, milícia e traficantes de drogas. Uma parte da pesquisa, contudo, foi dedicada à análise da ‘Crise da segurança pública’ no Espírito Santo, no período de greve dos policiais, no início do ano de 2017”, completa.

Prêmio Capes

A premiação, que se encontra em sua 15ª edição, teve quase 1.500 inscritos. A seleção dos trabalhos leva em consideração a originalidade, o caráter inovador e a sua relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e social.

Para o professor Cláudio Zanotelli, o reconhecimento do Prêmio Capes dá visibilidade ao trabalho desenvolvido pelos programas de pós-graduação: “é importante reafirmar que estamos realizando boas pesquisas, que são reconhecidas e que devemos continuar neste caminho”, conclui.

A cerimônia de entrega dos prêmios deste ano será por meio de videoconferência, por conta da pandemia da COVID-19.

Na imagem, um trecho da tese apresentada. 

Texto: Nábila Corrêa
Edição: Thereza Marinho