O edital do processo seletivo para o para o Curso de Aperfeiçoamento em Direitos Humanos e Socioeducação e o link para inscrições de profissionais que atuam na socioeducação serão divulgados na próxima semana no perfil oficial da EES/ES no Instagram. O anúncio foi feito nesta quinta-feira, 30, durante a cerimônia de instalação e lançamento da Escola Estadual de Socioeducação do Espírito Santo (EES/ES). Ao todo serão oferecidas 200 vagas e a formação será totalmente financiada pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC).
A iniciativa, desenvolvida pela Ufes em parceria com o MDHC, é intitulada Direitos Humanos na Socioeducação e tem como objetivo formar, capacitar e qualificar profissionais que atuam no sistema socioeducativo em todo o estado. A Ufes é uma das seis universidades federais selecionadas para coordenar a primeira fase do programa. As aulas têm início previsto para meados de novembro e serão oferecidas na modalidade de ensino a distância (EaD), com duração de 12 meses e carga horária total de 180 horas.
O lançamento da Escola aconteceu no Salão Rosa do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), no campus de Goiabeiras, e contou com a presença de diversas autoridades universitárias, estaduais e municipais, além de estudantes do Departamento de Direito, ao qual o projeto está vinculado.
A mesa de abertura foi composta pela vice-reitora da Ufes, Sonia Lopes; pela vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Criad) e membro da Comissão de Socioeducação, Inaiá Cristina Dalvi; e pelo representante do MDHC e coordenador da EES, Marco Antônio Olsen, que enfatizaram a importância do projeto para a consolidação de políticas públicas voltadas à proteção e ao desenvolvimento de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas.
Reconstrução de oportunidades
A vice-reitora pontuou que o lançamento da escola coincide com a megaoperação que deixou mais de cem pessoas mortas em comunidades do Rio de Janeiro. Segundo ela, a EES/ES marca uma nova etapa na capacitação e no desenvolvimento de profissionais que atuam na socioeducação em todo o estado. “A criação da Escola demonstra o compromisso institucional com a construção de políticas públicas efetivas e humanizadas, voltadas à promoção de direitos e à valorização das pessoas em processos socioeducativos. A socioeducação vai muito além da aplicação de medidas disciplinares. Ela representa um espaço de reconstrução de oportunidades, de reconhecimento da dignidade de cada indivíduo e de promoção da cidadania”, afirmou Lopes.
Olsen explicou que a iniciativa é um projeto de extensão, e, como tal, busca aproximar a Universidade da comunidade, especialmente dos servidores do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), por meio de formação, capacitação e aperfeiçoamento em Direitos Humanos. “Hoje é um dia muito importante para nosso estado porque nós agora temos uma escola dentro de um planejamento de educação contínua. Não será simplesmente um único curso, mas uma participação da Universidade nesta comunidade da socioeducação”, ressaltou o coordenador da EES.
A vice-presidente do Criad destacou o avanço significativo que a instalação da EES representa para a política de socioeducação. Para ela, a parceria com a Ufes é essencial, já que a Universidade desempenha papel fundamental no aprimoramento técnico e na qualificação desta política. “Recebemos com imensa alegria a informação de que a coordenação viria da Universidade porque é importante alinharmos prática com teoria”, sinalizou Dalvi.
Desafios
O lançamento da EES/ES também marcou a realização do I Simpósio Estadual de Socioeducação, que contou com palestras do diretor-geral do Iases, Fábio Amorim Filho, que falou sobre Educação: uma ferramenta transformadora; e da coordenadora do Núcleo de Socioeducação da Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES), Adriana Peres, que abordou a atuação da Defensoria Pública na Socioeducação. As palestras trataram das demandas, dos desafios e dos resultados que envolvem a capacitação de servidores.
Segundo Amorim Filho, não há transformação do espaço socioeducativo sem investimento na educação. “Não basta que a pessoa se capacite, adquira conhecimento acadêmico; é necessário modificar a cultura do ambiente, compreender como as coisas funcionam. Não há outra forma de promover mudanças culturais se não for pela educação”, destacou o diretor-geral do Iases.
O agente socioeducativo semiliberdade de Vila Velha Igor Casumba participou do evento de instalação da EES. Para ele, a escola é uma iniciativa de grande importância, especialmente em uma sociedade que ainda convive com preconceitos. “A Escola vai desenvolver em nós, enquanto agentes socioeducadores, novas ferramentas para que a gente consiga desenvolver melhor o nosso trabalho. Porque quando a gente educa, ao invés de punir, a gente está construindo uma sociedade ainda melhor”, concluiu.
Fotos: Adriana Damasceno
Universidade Federal do Espírito Santo