Pesquisa destaca papel da telemedicina nos cuidados paliativos de pessoas idosas

16/10/2025 - 14:34  •  Atualizado 16/10/2025 14:53
Texto: Adriana Damasceno     Edição: Thereza Marinho
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Imagem de um homem idoso se consultando com uma médica por meio de um tablet

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Ufes analisou como a telemedicina pode contribuir para aperfeiçoar as experiências de pacientes geriátricos não oncológicos (sem câncer) em cuidados paliativos, atendendo às necessidades complexas e crônicas dessa população. Realizada por meio de uma revisão de literatura em bases científicas internacionais, a pesquisa identificou que o uso da tecnologia pode ser benéfico ao cuidado de pessoas com 55 anos ou mais e que apresentam quadros clínicos complexos, incluindo demência, fragilidade e declínio cognitivo.

Ao longo do trabalho, o geriatra e professor do Departamento de Clínica Médica (DCM/Ufes) Roni Mukamal; o médico especialista em Medicina de Família e Comunidade e professor do Departamento de Saúde Coletiva (DCS/Ufes) Thiago Sarti; os docentes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal) Guilhermina Rego e Rui Nunes; e a geriatra especialista em Cuidados Paliativos Laiane Dias analisaram artigos publicados em inglês e em português, que abordaram os temas telemedicina, idoso e cuidados paliativos, excluindo estudos voltados ao câncer.

“O foco em populações não oncológicas foi definido em razão das desigualdades significativas que esses grupos ainda enfrentam no acesso a cuidados, uma vez que eles experimentam identificação tardia das necessidades paliativas, piores estados funcionais no momento do acesso ao cuidado e disparidades na prestação de serviços de saúde, especialmente em áreas carentes, o que torna essencial a busca por modelos de atenção em saúde mais equitativos e eficazes”, explica Mukamal, pesquisador principal do estudo, que foi recentemente publicado na revista inglesa BMC Geriatrics.

Resultados

Os resultados mostram que a telemedicina tem sido especialmente útil para idosos em acompanhamento familiar, em lares de longa permanência e em instituições de cuidado continuados. “A maioria dos trabalhos relatou experiências positivas, sobretudo em áreas rurais, onde o acesso presencial a serviços de saúde é mais restrito. Pacientes e cuidadores reconheceram a conveniência da tecnologia devido a pontos como acesso rápido e fácil aos profissionais, aumento da participação familiar na tomada de decisões e redução de estresse”, ressalta o professor, que coordena a Liga Acadêmica de Geriatria e Cuidados Paliativos (Lagep/Ufes).

Apesar disso, a pesquisa também apontou barreiras consideradas significativas, como dificuldades no uso das ferramentas digitais, limitações de acesso à internet, capacidades limitadas de exame físico, desconfiança com a eficácia do tratamento, falta de apoio social para auxiliar no uso da tecnologia e preocupações com a privacidade. Segundo os pesquisadores, os fatores citados reduzem a adesão a esse tipo de atendimento, além de interferir na eficácia do tratamento e na relação médico-paciente.

Tecnologia promissora

A telemedicina (também chamada de telessaúde) ganhou impulso significativo durante a pandemia de covid-19, na medida em que os sistemas de saúde se adaptaram para reduzir as interações presenciais, mantendo a continuidade do cuidado. Segundo Mukamal, é uma tecnologia promissora para adultos mais velhos por melhorar o acesso aos serviços de saúde e aos resultados clínicos e a comunicação com profissionais, além de promover a autoeficácia e melhorar a qualidade de vida de pessoas na terceira idade.

Para o professor, a telemedicina vem ajudando pessoas idosas com condições crônicas a manter sua independência e a continuar vivendo em suas próprias casas, e por isso, ela vem sendo cada vez usada por pacientes e cuidadores: “Esta tecnologia pode se consolidar como uma aliada no cuidado de idosos com doenças crônicas graves, multimorbidade [várias doenças ao mesmo tempo] e em situações de risco de vida. No entanto, é fundamental desenvolver soluções a partir da perspectiva dos próprios pacientes e cuidadores, garantindo que as tecnologias sejam inclusivas e seguras”.

Imagem: Freepik

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