Presença de João Bananeira marca o encerramento de formação sobre povos originários e comunidades tradicionais

10/10/2025 - 16:47  •  Atualizado 13/10/2025 12:17
Texto: Thereza Marinho
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Foto do personagem posando com o grupo de participantes do curso

O personagem João Bananeira, figura emblemática da cultura capixaba, marcou presença na aula de encerramento da formação Povos originários e comunidades tradicionais: preservando culturas e promovendo a justiça social, ofertada ao longo desta semana para servidores da Ufes. Com sua dança e irreverência, Bananeira trouxe à memória dos participantes a resistência e a criatividade do povo negro durante o período de escravidão.

Promovido pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep) da Universidade, o curso teve a proposta de oferecer aos servidores um aprofundamento sobre a história e a cultura de indígenas, afro-brasileiros, quilombolas e outras comunidades tradicionais, a fim promover o respeito à diversidade, aos direitos e aos costumes e saberes desses povos.

“A presença e valorização dos povos originários e das comunidades tradicionais nas universidades públicas representa um avanço significativo para a construção de uma sociedade mais justa, diversa e plural. Esses grupos, historicamente marginalizados e invisibilizados nos espaços institucionais, carregam saberes ancestrais, formas únicas de organização social e visões de mundo que enriquecem o debate acadêmico e cultural. Promover a discussão sobre suas realidades, lutas e contribuições é fundamental para a preservação de suas culturas e para a promoção da equidade”, destacou a pró-reitora de Gestão de Pessoas, Josiana Binda.

Ela lembrou que, no início de outubro, os servidores também tiveram a oportunidade de participar do curso Prevenção e resposta a situações de violência, que abordou as realidades de pessoas negras, indígenas, da comunidade LGBTQIA+ e mulheres, em uma perspectiva de inclusão.

Foto de João Bananeira dançando no meio do grupo de participantes, sentado em um círculo
João Bananeira: resistência e a criatividade do povo negro durante o período de escravidão

Aprendizado

Para a revisora de textos Monick Barbosa, mais do que conhecer as culturas dos povos indígenas e quilombolas para respeitá-las, o curso evidenciou a necessidade de aprender com os modos de pensar e viver dos povos tradicionais. “Os aprendizados sobre as visões deles sobre o tempo, os corpos, a natureza, a terra, o senso de comunidade, entre vários outros, levo pra vida pessoal e profissional, como servidora pública, numa busca constante por respeitar e aprender com a multiplicidade de formas de ser humano e de interagir com todos os seres”, afirmou.

“Foi muito especial a presença do João Bananeira, símbolo da cultura capixaba, que resgata nossas raízes e não deixa morrer nossa história”, complementou.

A formação foi ministrada pela servidora da Ufes Claudia Farias, doutora em Ciências Sociais e mestre em História Social das Relações Políticas, ambas pela Universidade. Atualmente, ela desenvolve estudos sobre cultura e identidades, incluindo temas relacionados a conflitos socioambientais, território, comunidades tradicionais e questões de gênero.

Lenda

A figura do João Bananeira equilibra fantasia e realidade. Segundo a lenda, ela surgiu na época da escravidão, quando pessoas negras eram impedidas de participar de festas e eventos dos brancos. Para burlar essa separação, como disfarce, escravizados usavam vestimentas feitas de folha de bananeira, tecidos coloridos e meias nas mãos.

Essa memória acompanha a história do congo especialmente no município de Cariacica, cidade onde João Bananeira foi registrado como patrimônio imaterial, juntamente com o Carnaval de Congo de Máscaras. O personagem teve a descrição de sua indumentária registrada, inclusive na forma tradicional de confecção das saias e das máscaras, feitas de folhas de bananeira e material reciclado.

Atualmente, as apresentações de João Bananeira levam cultura e mistério, sendo também utilizadas em projetos educativos para contar a história do povo quilombola.

Fotos: Progep/Ufes

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