A hora certa de colher o café: pesquisa aponta como evitar perdas na safra

29/08/2025 - 18:16  •  Atualizado 29/08/2025 18:33
Texto: Sueli de Freitas     Edição: Thereza Marinho
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Foto de um pé de café com os grãos vermelhos

A maturação dos grãos de café é fundamental para garantir uma colheita farta e de qualidade. Buscando conhecer os fatores que interferem nesse processo e reduzir o risco de prejuízos, uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical (PPGAT) da Ufes avaliou o efeito do processo de maturação no acúmulo de matéria seca, macro e micronutrientes em fruto, grão e palha de seis genótipos da espécie Coffea canephora, também chamada de café robusta ou conilon.

Intitulado Dinâmica do acúmulo de matéria seca e nutrientes em fruto, grão e palha de seis genótipos de Coffea canephora durante a maturação dos frutos, o trabalho foi conduzido pelo pesquisador Henzo Salvador no seu projeto de mestrado, sob orientação do professor Fábio Partelli, do PPGAT e do Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes), campus de São Mateus. 

A coleta das amostras de café na lavoura localizada na Fazenda Experimental da Ufes em São Mateus foi feita a cada quatorze dias, começando na 33ª semana após a floração até a maturação completa dos seis genótipos, totalizando nove datas.

Na dissertação, o pesquisador afirma que “o conhecimento sobre o acúmulo de matéria seca no fruto e em suas principais partes (grão e casca) é crucial para entender a dinâmica do fruto ao longo do processo de maturação e para ajustar o momento da colheita para alcançar maior produtividade de grãos, enquanto o conhecimento relacionado ao acúmulo de nutrientes fornece informações importantes para um melhor manejo da adubação”.

A taxa de acúmulo de matéria seca foi inicialmente maior para o fruto e posteriormente para a casca, aumentando à medida que a maturação progrediu. Os maiores valores foram atingidos nos estágios finais de bagas vermelhas. Verificou-se, ainda, que a maturação influencia a concentração e o acúmulo de nutrientes, sendo as maiores concentrações observadas em frutos totalmente maduros.

“Os resultados evidenciam o momento correto de colher o café, no qual há menores perdas. Sabemos que é praticamente impossível colher o café 100% maduro, contudo, o trabalho indica que muitas vezes o cafeicultor pode esperar um pouco mais e reduzir as perdas”, explica Partelli.

A pesquisa teve início num projeto de Iniciação Científica da graduação, avançou para o mestrado e já resultou em quatro artigos científicos. “O trabalho gerou conhecimento teórico e prático para a cafeicultura, culminando em publicações em revistas de grande impacto internacional e em revistas práticas voltadas para os produtores”, disse Partelli.

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