Lideranças indígenas dos povos Guarani e Tupinikim participaram de uma reunião na reitoria da Ufes nesta segunda-feira, 23, para iniciar as discussões para implantação do programa de vagas suplementares para estudantes indígenas nos cursos de graduação presencial da Ufes. O programa foi instituído pela Resolução n° 103/2024, aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade.
A reunião contou com a presença do reitor da Ufes, Eustáquio de Castro; da vice-reitora Sonia Lopes; da pró-reitora de Graduação, Regina Alcântara; do pró-reitor de Extensão, Ednilson Felipe; do secretário de Ações Afirmativas e Diversidade, Gustavo Forde; e do diretor de Relações Interinstitucionais da Ufes, Gustavo Cardoso; entre outros gestores.
“Nós aprovamos uma resolução no ano passado e estamos estudando agora a metodologia de como será feito esse ingresso nos cursos de graduação da Ufes. Vamos traçar essa estratégia de como o processo de seleção vai ser feito e esperamos que, já a partir do primeiro semestre de 2026, nós tenhamos povos indígenas de várias origens em nossos cursos. E também vamos discutir uma forma de tornar os programas de pós-graduação mais acessíveis a esses povos”, afirmou o reitor.
Na reunião, foi planejada a formação de um conselho consultivo, a ser formado por estudante indígena, liderança indígena indicada pela Associação Indígena Tupinikim Guarani, docente pesquisador do campo da educação indígena e áreas afins, e representantes da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) e da Secretaria de Ações Afirmativas e Diversidade (Saad). O conselho funcionará como instância de diálogo, a ser consultado no processo de planejamento e de execução de todas as etapas do processo seletivo.
Avanço

Para o líder indígena Jucelino Tupinikim, a reunião é mais um passo para dar oportunidades de acesso dos povos originários à universidade. “Estamos vendo a Ufes avançando na política de assistir aos povos originários do nosso país, tornando essa Universidade uma universidade da diversidade. Nós vemos poucos indígenas tendo esse acesso. Nós temos visto o esforço da Ufes de estar construindo isso de forma assertiva, para que o nosso povo consiga estar dentro da universidade. É de fundamental importância o que está acontecendo aqui”, frisou.
A educadora indígena Andrea Tupinikim apontou que a implantação do programa de vagas suplementares para estudantes indígenas vai potencializar a formação dos indígenas, de modo que “possam construir um espaço de discussão dentro da Universidade, trazendo os conhecimentos tradicionais, a vivência, a luta, e também fortalecendo a identidade, a cultura e a luta dos povos originários”. Ela completou: “É um espaço de conquista, de vínculo com a Ufes. São mais de 20 anos de discussão e de articulação para que a gente possa conquistar diferentes espaços, oportunidades e políticas dentro da universidade”.
As vagas suplementares nos cursos presenciais de graduação serão destinadas exclusivamente a indígenas aldeados em comunidades e que tenham concluído ou venham a concluir o ensino médio até a data da matrícula na Ufes. Caberá aos colegiados dos cursos de graduação estabelecer o número de vagas destinadas a esse público, garantindo o mínimo de duas anuais por curso. Essas vagas serão adicionais às ofertadas inicialmente pelos cursos e não serão consideradas no cômputo das vagas remanescentes.
Fotos: Lucas Pereira