
Com o objetivo de aprofundar os conhecimentos sobre a epidemiologia do oropouche no território capixaba, assim como na investigação de seus mecanismos neuroinvasivos e imunopatogênicos, a Ufes vai integrar uma rede interinstitucional juntamente com o Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen/ES), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diversas unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A rede, assim como outras parcerias científicas, foi estabelecida durante o I Simpósio de Arboviroses Tropicais Emergentes (Arbovix), evento que reuniu em Vitória pesquisadores de todo o país para compreender a dinâmica de doenças como dengue, chikungunya, febre amarela e oropouche, além de discutir soluções que possam ser aplicadas no enfrentamento das emergências sanitárias relacionadas a elas.
O encontro, realizado entre os dias 10 e 12 de junho, foi uma iniciativa conjunta da Ufes e da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio do Lacen/ES, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e da Subsecretaria de Vigilância em Saúde.
"O Arbovix foi concebido como uma resposta concreta e articulada da ciência capixaba à emergência provocada pelo vírus oropouche. Mais do que um simpósio, foi um espaço de convergência entre pesquisa, vigilância e gestão em saúde, em que reafirmamos a necessidade de investir em ciência aplicada, formar redes colaborativas e fortalecer a capacidade nacional de resposta a arboviroses emergentes. Este é um movimento contínuo que exige vigilância genômica, entomológica, integração de dados e decisões baseadas em evidências", destacou o professor do Departamento de Patologia da Ufes e presidente do Arbovix, Edson Delatorre.
Para o diretor do Lacen/ES, Rodrigo Rodrigues, o evento possibilitou ao Espírito Santo receber diversos especialistas brasileiros para discutir as arboviroses em um contexto de saúde pública no Brasil: “São profissionais das mais diversas áreas que puderam compartilhar muito conhecimento, além de estabelecermos novas parcerias e colaborações para buscar informações que contribuam no enfrentamento das arboviroses que assolam o país há tanto tempo”.
Complementando Delatorre, Rodrigues afirmou que a ideia do Simpósio nasceu em virtude do cenário que as arboviroses vêm apresentando, como sua expansão para regiões tropicais e subtropicais e a sua capacidade de afetar tanto a população das áreas urbanas quanto das rurais, a exemplo do oropouche no Espírito Santo, no último ano. Além disso, o aumento da incidência dessas doenças – relacionado principalmente às mudanças climáticas e aos eventos climáticos extremos, que favorecem a proliferação dos vetores e alteram os padrões de transmissão – representa também um desafio crescente para as autoridades de saúde pública.
As palestras centrais foram coordenadas pelos pesquisadores Felipe Naveca e Nildimar Honório, ambos do Instituto Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e pelo professor Maurício Nogueira, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp). O Simpósio marcou também a apresentação, em formato pôster, de trabalhos científicos desenvolvidos nas áreas da epidemiologia, entomologia, imunopatologia e virologia, com a participação de estudantes de graduação, pós-graduação e profissionais da saúde de estados como Rio de Janeiro, Mato Grosso, Rondônia, São Paulo e Goiás.
Além de pesquisadores da área, a abertura do I Arbovix contou também com a presença do reitor da Ufes, Eustáquio de Castro; do vice-diretor do Centro de Ciências da Saúde da Ufes, João Alexandre Pancoto; e do subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso.
Ameaça
Segundo os coordenadores do Simpósio, o nome Arbovix carrega um significado simbólico. Ele é inspirado na fusão entre “arbovírus” e a incógnita “X”, representando a próxima ameaça viral que poderá emergir.
Se no passado zika, chikungunya e oropouche surgiram de forma inesperada, pensa-se qual será o próximo arbovírus a impactar a saúde pública. Nesse sentido, o “X” simboliza o desconhecido, a necessidade de vigilância constante e a importância da ciência na antecipação e resposta a novas epidemias. “O Arbovix se posiciona, portanto, como um espaço de reflexão e preparação diante dos desafios atuais e futuros”, afirma Delatorre.
Fotos: Cristiane Libardi/Secom/Governo do ES