
Mundialmente celebrado no dia 25 de maio, o Dia de África será lembrado na Ufes com um evento que abordará a temática Diálogos de Pesquisa Afro-centrada: Ciência, Cultura e Contextos e acontecerá na próxima quinta-feira, 29, das 8 às 19 horas, no auditório Ieda Aboumrad (Centro de Educação, campus de Goiabeiras). Ao longo de todo o dia, o público participará de palestras e mesas-redondas, conhecerá tecidos e roupas africanas por meio de um desfile e acompanhará atividades culturais em uma programação que visa celebrar o aniversário de fundação da Unidade Africana (atual União Africana), que se deu no dia 25 de maio de 1963. O evento é gratuito e as pessoas interessadas em participar devem se inscrever por meio deste link.
O Dia de África na Ufes é organizado pela Liga dos Universitários Africanos (LUA) em parceria com as secretarias de Ações Afirmativas e Diversidade (SAAD), de Cultura e de Comunicação da Ufes; o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab); e o bloco afro Coisas de Negres. O evento será aberto por uma conferência proferida pelo intelectual pernambucano Severino Lepê Correia, que falará sobre Ciência, cosmovisão e valores civilizatórios negro-africanos no Brasil. Lepê Correia é radialista, professor, especialista em História, mestre em Literatura e Interculturalidade e integra o conselho consultivo da Revista Palmares - Cultura Afro-Brasileira, periódico do Ministério da Cultura. Cantor e compositor, ele também faz parte do grupo musical Boca Coletiva, que divulga músicas afro-latinas e afro-brasileiras.
As atividades matutinas seguirão com a palestra África através do sabor, proferida pelo chef Chez Kimberly, e, após intervalo, o período da tarde terá início com a mesa redonda Celebrar o Dia de África na Universidade: vivências e vozes de estudantes internacionais com trajetórias africanas no espaço acadêmico. Na sequência, o público acompanhará o desfile Tecidos e roupas africanas: riquezas e significados e a segunda mesa redonda, Patrimônio de África: cultura e sociedade. As atividades culturais encerram a programação do evento.
Intercâmbio cultural

A LUA é uma associação civil fundada em 2017 pelos estudantes Evrad Ngalamou (de Camarões) e Ynnamileh Djonnu (da Guiné-Bissau) e, desde o início, é a principal responsável pela realização do Dia de África na Ufes. “Esta data tem se consolidado como um espaço de valorização da presença africana na comunidade acadêmica, de promoção do intercâmbio cultural e de fortalecimento da identidade dos estudantes africanos. Esta e outras ações da LUA têm fortalecido a presença institucional da população africana na Ufes, garantindo o reconhecimento da sua contribuição para a Universidade e para a sociedade capixaba”, avalia o atual presidente da Liga, Ngalamou, aluno do nono período de Engenharia da Computação.
Segundo a SRI, a Ufes conta com 88 estudantes, incluindo graduandos e integrantes do Programa de Estudantes-Convênio/Português-Língua Estrangeira (PEC-PLE), vindos de 15 países do continente africano, dentre os quais estão Angola, Quênia, República Democrática do Congo, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gana e Moçambique. Já na pós-graduação, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG) contabiliza 36 estudantes, dos quais 15 fazem cursos de mestrado e 21, de doutorado.
Reflexão
A mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCCon) Quetinha Augusto está entre esses alunos. Moçambicana, ela conta que a adaptação no Brasil foi facilitada pela similaridade do idioma e pelo acolhimento da comunidade acadêmica da Ufes, especialmente dos conterrâneos participantes da Liga. Para a estudante, o Dia de África é um momento especial de reflexão: “É lembrar da nossa luta contra a colonização europeia, valorizar a nossa história, a nossa cultura e a nossa tradição, mas também é um momento para pensar num futuro mais justo, com mais desenvolvimento para o nosso continente. É importante lembrar que a África tem muito a oferecer ao mundo”.
O caboverdiano naturalizado brasileiro Jair Silva (um dos entrevistados da série especial Consciência Negra) já passou por todas as fases pelas quais estão passando seus conterrâneos africanos na Ufes. Morador do Brasil há 28 anos, ele fez graduação, mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica na Universidade e, atualmente, é professor e vice-coordenador do programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE), além de pesquisador do Laboratório de Telecomunicações (LabTel/Ufes). Ele define como “importantíssimas” as comemorações em torno do Dia de África. “Celebrar esta data é significativo tanto por causa das ligações histórico-culturais entre os continentes quanto pelas discussões que visam à manutenção de programas de colaboração, tais como o PEC-G [Programa de Estudantes-Convênio de Graduação] e o PEC-PG [Programa de Estudantes-Convênio de Pós-Graduação], assim como para a celebração de novas formas de convênio”, conclui.
Foto: Adriana Damasceno