
Artistas que são usuários dos diversos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde (Raps/SUS) vão apresentar seus trabalhos na exposição Os seres que habitam em mim, que será inaugurada nesta segunda-feira, dia 19, às 16 horas, no pilotis da Assembleia Legislativa (Ales), em Vitória. Organizada pelo grupo de pesquisa Fênix (vinculado ao Departamento de Serviço Social) e pelo Laboratório de Ações e Pesquisas de Saúde Mental em Terapia Ocupacional (Lapsam-TO), a mostra trará cerca de 40 obras, que ficarão expostas para visitação pública das 8 às 19 horas, até a próxima sexta-feira, 23. A entrada é gratuita.
A exposição acontece em alusão ao Dia da Luta Antimanicomial no Brasil, celebrado em 18 de maio, e traz autorretratos e retratos de animais, de paisagens e do carnaval capixaba, especialmente do Bloco Que Loucura, projeto de extensão ligado ao grupo Fênix, que é conhecido por utilizar a folia e a cultura para dar visibilidade às pessoas com sofrimento psíquico e à defesa da luta antimanicomial, da saúde mental e do SUS.
A curadora da exposição, Alana Simões, explica que o tema da mostra faz referência à pluralidade que compõe a existência: “A arte se faz espaço de escuta e expressão para os seres que nos habitam, aqueles que às vezes desconhecemos, que não cabem na lógica discursiva, mas insistem em nos atravessar. O que se revela nessas criações é comum a todos nós: a condição radicalmente humana de sermos constituídos por muitos”.
Arte e cultura
Professores, estudantes e voluntários do grupo Fênix e do Lapsam realizam diversas ações com os usuários da Raps durante todo o ano, incluindo cursos de capacitação e formação de profissionais. “Esta exposição é uma iniciativa nossa de valorizar o que já é produzido no cotidiano dos serviços. Ao circular nesses espaços, percebemos a quantidade de obra sendo produzida e a qualidade dos artistas. Nossa ideia é fomentar a arte e a cultura na saúde mental e a possibilidade de esses artistas exporem e, quem sabe, até venderem suas obras”, explica a coordenadora do grupo Fênix, Fabíola Xavier.
Para Xavier, a saúde mental é um tema importante do cotidiano de todos. “Cada dia mais precisamos falar que uma pessoa em sofrimento psíquico pode acionar o SUS e ter um cuidado em liberdade, com dignidade”, conclui.