Pesquisadores da Ufes desenvolvem biossensor para detecção de salmonella em produtos alimentícios

22/11/2024 - 17:37  •  Atualizado 22/11/2024 18:02
Texto: Éric Nobre (bolsista)     Edição: Sueli de Freitas e Thereza Marinho
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Imagem duas embalagens que compõem o kit detecção rápida de Salmonella

Um biossensor inovador na detecção da bactéria Salmonella spp. em produtos alimentícios foi desenvolvido pela pesquisadora Gabrielle Landim, orientada pelo professor Jairo Pinto de Oliveira, do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Ufes (PPGBiq/Ufes). O teste imunocromatográfico de fluxo lateral e nanopartículas de ouro promete transformar os métodos de controle de qualidade na indústria alimentícia, reduzindo o tempo de detecção da bactéria e os custos associados à testagem. O experimento levou à criação da startup NanoLabs, com a proposta de se tornar o kit de diagnóstico mais rápido do mundo.

O grande desafio na luta contra a salmonelose, infecção causada pela bactéria, tem sido a falta de testes rápidos e eficientes. Embora existam sensores de alta qualidade no mercado, esses dispositivos ainda apresentam limitações significativas no que diz respeito ao tempo de obtenção dos resultados. Testes convencionais geralmente demoram de 18 a 48 horas para fornecer resultados confiáveis e têm um custo elevado; já o desenvolvido pelos pesquisadores da Ufes entrega o mesmo resultado dentro de 8 a 12 horas, com um custo 50% menor.

O teste utiliza nanopartículas de ouro a fim de melhorar a coloração e, consequentemente, a leitura do resultado. Além disso, o biossensor tem sensibilidade superior aos convencionais e possui especificidade em relação a outros microorganismos, ou seja, mesmo que a tira esteja contaminada com outras bactérias, ele reconhece apenas a Salmonella.

Gabrielle Landim destaca que, embora o novo teste sirva como um método de triagem eficaz, ele não pretende substituir o método padrão, que é baseado no plaqueamento em meios de cultura diferentes.

A NanoLabs está em processo para patentear a tecnologia e já desenvolveu um “kit detecção rápida de Salmonella”. A startup está incubada no Espaço Empreendedor da Ufes e reúne esforços para testes iniciais no mercado e escalonamento da tecnologia.

O professor Jairo Pinto de Oliveira, especialista em nanopartículas de ouro e biossensores, explica que o Laboratório de Nanomateriais Funcionais da Ufes vem desenvolvendo sistemas de detecção baseados em nanotecnologia há anos. Eles exploram técnicas como a plasmônica (SPR e LSPR), para a detecção de microrganismos, toxinas e pesticidas em alimentos e no meio ambiente.

Preocupação global

A contaminação por Salmonella é uma preocupação global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados anualmente mais de 90 milhões de casos de salmonelose, resultando em aproximadamente 155 mil mortes. A bactéria possui mais de 2.600 sorotipos e pode ser encontrada em uma série de produtos, como frango, ovos, leite e temperos.

Segundo o Ministério da Saúde, os casos mais graves de salmonelose ocorrem em crianças e idosos, devido à fragilidade de seus sistemas imunológicos. Os principais sintomas incluem diarreia, vômitos, febre moderada, mal-estar geral e calafrios, que geralmente surgem entre 6 e 72 horas após a ingestão de alimentos contaminados e podem durar até uma semana.

A pesquisa teve o financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

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