O reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, e a vice-reitora, Sonia Lopes, receberam nesta terça-feira, 17, lideranças indígenas dos povos Tupinikim e Guarani para tratar da instituição de vagas suplementares para estudantes indígenas, por meio de processo seletivo específico, nos cursos de graduação presencial da Universidade.
O relatório do Grupo de Trabalho (GT) criado para propor a resolução que será analisada nas instâncias da Universidade foi entregue à Administração Central em outubro do ano passado. Na reunião desta terça, para estreitamento dos laços das lideranças indígenas com a atual gestão da Ufes, foi reafirmada a expectativa de aprovação e implementação da política voltada para os povos originários.
A proposta do GT é instituir vagas suplementares para indígenas aldeados e que tenham concluído ou concluam o ensino médio até a data da matrícula na Ufes. Os colegiados dos cursos de graduação presenciais da Universidade estabeleceriam o número de vagas destinadas aos indígenas, garantindo o mínimo de duas vagas anuais por curso. Tais vagas seriam adicionais em relação às ofertadas como vagas iniciais dos cursos, não sendo consideradas no cômputo das remanescentes.
De acordo com a proposta, os aprovados no processo seletivo específico seriam submetidos às mesmas normas acadêmicas e regimentais aplicáveis aos demais estudantes. O documento propõe ainda que a Universidade ofereça políticas de acompanhamento pedagógico e acesso ao Programa de Assistência Estudantil da Ufes aos indígenas ingressantes.
Segundo o professor André Hollais, do Departamento de Ciências Fisiológicas e relator da minuta, a proposta deverá ser apresentada à Comissão de Ensino de Graduação e Extensão na próxima semana. Seu parecer será pela aprovação na íntegra. Depois de passar pela comissão, a proposta será avaliada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Ufes.
Avaliações
Para o reitor, a proposta de vagas suplementares é um passo importante a ser dado pela Ufes. “Não se trata apenas de abrir vagas. A Universidade tem muito a aprender com os indígenas. Precisamos dar condições de permanência aos estudantes. Essa reunião fortalece o elo entre a Universidade e os povos indígenas”, disse.
O líder da aldeia Caieiras Velha, Jocelino Tupinikim, que também é secretário geral da Associação Indígena Tupinikim e Guarani, defendeu que a Universidade seja um espaço de diversidade étnica e linguística. “Queremos indígenas não apenas sendo formados no Prolind [Curso de Licenciatura Intercultural Indígena], mas também cursando Medicina, Química e outros cursos. Vocês vão ver muitos povos e muitas línguas circulando pela Ufes”, afirmou.
O secretário de Ações Afirmativas e Diversidade (Saad), Gustavo Forde, lembrou que o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI 2021-2030) da Ufes aponta um projeto de Universidade pluriétnica e com diversidade. A psicóloga Ellen Horato, também da Saad e integrante do GT que trabalhou na proposta de resolução, destacou que a ideia vai muito além de atender a uma demanda dos indígenas. “É uma política para a Universidade. A presença indígena fortalece a produção de conhecimento na Ufes”, afirmou.
Além das lideranças indígenas, a reunião contou com as presenças da deputada estadual Iriny Lopes e da gerente de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Secretaria Estadual de Direitos Humanos, Edineia Oliveira. Também participaram o secretário de Ações Afirmativas e Diversidade da Ufes, Gustavo Forde; a assessora de Relações Políticas com a Comunidade Acadêmica, Patrícia Rufino; a pró-reitora de Graduação, Regina de Alcântara; a professora Nicole Pinto, coordenadora do Prolind; o professor André Hollais, do Departamento de Ciências Fisiológicas e relator da minuta do GT; e outros gestores da Ufes.
Foto: Sueli de Freitas