A produção de espumas expansivas ecológicas é o objeto de uma pesquisa com resultados promissores, realizada pela doutoranda Emilly Soares, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (PPGCFL) da Ufes, com sede no município de Jerônimo Monteiro, sob a orientação do professor Fabricio Gonçalves, do PPGCFL e do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira (DCFM) da Ufes.
A espuma expansiva é um material que, ao entrar em contato com a umidade do ar, expande-se e endurece, formando uma espuma rígida. Em geral, é vendida em embalagens de spray. O produto é usado em diversas atividades, como para fixar e assentar batentes, janelas de alumínio, ferro e madeira, preencher juntas de dilatação, fendas e buracos, isolar tubulações e também no transporte de equipamentos. No caso da pesquisa da Ufes, que está em fase de testes, a espuma foi produzida a partir de óleo vegetal extraído de uma espécie florestal ainda pouco aproveitada na indústria.
Gonçalves conta que os estudos foram iniciados buscando a produção de adesivos naturais: “A ideia era produzir adesivos sustentáveis, uma vez que boa parte [do que há no mercado] é de origem química – hidrocarbonetos variados. O adesivo ainda não obteve uma resposta satisfatória, pois as ligações químicas existentes no óleo vegetal estudado não nos ajudaram muito; por isso buscamos a alternativa da espuma expansível”. Segundo o professor, “o desenvolvimento de uma espuma com possibilidades de ser menos agressiva ao ambiente e biodegradável vem fornecendo subsídios para aprimoramento da pesquisa”.
No decorrer do projeto, a doutoranda teve a oportunidade de fazer parte dos estudos no Instituto Politécnico de Viseu, em Portugal, por meio do doutorado sanduíche. O professor Bruno Miguel Esteves e a professora Idalina Domingos se juntaram, então, à pesquisa. “Aprendi métodos químicos para modificar a química do óleo e adaptá-lo para diferentes aplicações. Com isso, geramos um poliol [um tipo de álcool com múltiplos grupos de hidroxila] um pouco mais reativo em relação ao óleo puro e usamos os reagentes comumente aplicados para geração das espumas”, afirma Soares.
O resultado de todo esse trabalho foi promissor, como ela mesma conta: “Conseguimos gerar a espuma, que ainda não atingiu a resistência necessária para uso comercial, principalmente devido à constituição da própria substância. Contudo, esse primeiro passo foi muito importante para aprimorar métodos de modificação do óleo para assim, quem sabe, gerar uma espuma com melhor resistência”. A doutoranda destaca, ainda, que a pesquisa “foi fundamental para a valorização da espécie florestal e para que o óleo, que apresenta bom rendimento, seja explorado para outras finalidades, até mesmo alimentícias”.
Por meio dos estudos, foram gerados insights sobre as características do óleo, que é apontado como substância de grande potencial pela pesquisadora: “Primeiro porque vem de uma espécie vegetal que se adapta facilmente a diferentes ambientes, mesmo sendo pouco reconhecida, e segundo porque [essa espécie] contribui muito na recuperação de áreas degradadas”. A espécie não será identificada porque há um processo de solicitação da patente do produto.
Segundo Soares, a espuma desenvolvida poderia ser aplicada nos casos em que não é exigida uma resistência de muita carga, “porque ainda não atingimos a resistência mecânica que precisamos alcançar”.
Fotos: Emilly Soares
Universidade Federal do Espírito Santo