Nome incontornável da música brasileira, Nara Leão é a protagonista do novo musical que chega ao Teatro Universitário nesta sexta-feira, 28. Em cartaz até domingo, 30, Nara, estrelado pela atriz Zezé Polessa, resgata a trajetória de vida e os sucessos da cantora nascida na capital capixaba, em 1942. Com quatro apresentações, o espetáculo está com ingressos à venda pelo site Sympla e na bilheteria do teatro, das 14 às 19 horas (exceto aos sábados e aos domingos, quando funcionará a partir de 2 horas antes do início da peça).
Escrito e dirigido por Miguel Falabella, Nara retrata a história da cantora a partir de um grande fluxo de consciência. No texto, o público acompanha momentos e canções de sua vida sem preocupação com cronologias, datas ou qualquer outra formalidade – bem no estilo de Nara, uma intérprete que sempre foi “fora da caixa”, quando esta expressão nem era tão usada assim.
“Quando eu tive vontade de fazer a Nara, falei com Miguel que sabia não ter mais a idade dela, mas ele logo disse que isso não tinha a menor importância”, revela Zezé Polessa. “Não procuro imitar o seu jeito de falar ou cantar, existe uma liberdade em todo este processo, não poderia ser diferente com alguém que sempre foi tão livre”, reflete a atriz, que interpreta ao vivo alguns dos muitos sucessos da cantora, como A Banda, Corcovado, Marcha da Quarta-feira de Cinzas, entre outros.
Com direção musical de Josimar Carneiro, o espetáculo passa pelos diversos estilos e movimentos dos quais Nara participou. Nascida em Vitória, Nara Leão tinha apenas um ano de idade quando seus pais se mudaram para o Rio de Janeiro. Moraram na Avenida Nossa Senhora de Copacabana antes de se transferirem para o Conjunto Champs-Élysées, na Avenida Atlântica, para o apartamento que se tornaria o berço da bossa nova.
No palco, as canções surgem para pontuar alguns dos momentos de uma vida que se confunde com a história do Brasil daquela época. Ao longo das cenas, alguns temas vêm à tona, como a repressão sofrida no período da ditadura militar, o exílio, o avanço do debate feminista, a revolução comportamental das décadas de 60 e 70, a maternidade, os célebres casos de amor e as demais paixões da cantora.
Plural
Em constante mutação, Nara nunca se deixou rotular ou ficar presa a um determinado gênero: esteve no coração do nascimento da bossa nova, flertou com o tropicalismo, participou dos festivais da canção, protagonizou o lendário show Opinião, com João do Vale e Zé Ketti (e foi quem escolheu a estreante Maria Bethânia para substituí-la), resgatou antigos compositores, cantou samba-canção, músicas de protesto, rock’n’roll e jovem guarda. A liberdade e a inquietação de Nara se refletiam sem amarras na sua criação artística.
A peça é fruto do arrebatamento causado pela cantora em Zezé Polessa, que partilhou o desejo de revivê-la nos palcos, tendo ao seu lado, na autoria e direção do espetáculo, o amigo Miguel Falabella, parceiro em uma série de projetos teatrais desde 1979. Polessa cresceu ouvindo e acompanhando a carreira de Nara por meio dos discos e dos muitos sucessos tocados nas rádios.
Durante a pandemia, a atriz começou a ler uma biografia da cantora e, a partir de então, enfileirou uma série de entrevistas e livros sobre o período, quando intuitivamente começou a fazer uma pesquisa daquela que seria a sua próxima personagem.
Não é a primeira vez que Zezé vai cantar em cena. Sua trajetória foi pontuada por alguns musicais, inclusive chegando a protagonizar uma versão de A Noviça Rebelde, em 1992. “As canções de Nara me acompanham há muito tempo, eu já sabia as letras de uma boa parte do repertório, e agora o desafio foi justamente selecionar quais músicas entrariam na peça, já que ela produziu muito ao longo da vida e gravou sempre canções muito pertinentes e necessárias”, conta a atriz.
O espetáculo tem o patrocínio exclusivo da Petrobras – Programa Petrobras Cultural, viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e assinado pela Quintal Produções.