O Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Ufes, em parceria com o Instituto Penedo, promovem nesta quarta-feira, 30, a conferência Genealogia da Cidade, ministrada pelo professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Carlos Antônio Brandão. O evento, gratuito e aberto ao público, será às 9 horas, no auditório do Centro de Artes, localizado no prédio Cemuni IV do campus de Goiabeiras.
No mesmo dia, às 19 horas, o professor lançará o livro que tem o tema da conferência no espaço Trapiche Gamão, localizado na rua Gama Rosa nº 236, no Centro de Vitória. A obra foi vencedora do prêmio Jabuti Acadêmico 2024 na categoria Arquitetura, Urbanismo, Design e Planejamento Urbano e Regional.
No livro, Brandão aborda os aspectos filosóficos, históricos, culturais, arquitetônicos e urbanos da cidade como instituição. Ele afirma que a cidade não surgiu por escolha humana, mas por necessidade: “buscamos a cidade porque somos diferentes, porque somos individualmente frágeis e desmesurados”. Segundo Brandão, nascemos homens e/ou mulheres, mas não exatamente “humanos”: é a cidade que, por meio da cultura de civilização em que nos insere, “refina’ o humano em nós”.
Arte de edificar
O livro Genealogia da cidade está dividido em duas seções. No “Livro I”, ele estabelece uma “filosofia possível” da “arte de edificar”, que é própria das cidades, ocasião em que explora quatro níveis dessa arte, descritos pelas chaves “cidade”, “arquitetura”, “ornamento” e “decoro”. Sobre isso, ele lembra: “edificar não é construir; edificamo-nos juntos com o edifício, o ornamento e a cidade dispostos à nossa volta para ‘habitar’”.
No “Livro II”, o professor mapeia suas diferentes fases da história da cidade como instituição inventada por humanos para se reunirem organizadamente como corpo político e urbano. Nessa parte do volume, ele desenvolve sua reflexão por meio de seis vieses, tomados como “operadores hermenêuticos”: etimológico, antropológico, cósmico-religioso, neolítico, dramático e visível.
Brandão também especula que a cidade, tal como a conhecemos, talvez esteja sendo “desinventada” neste momento da história, de modo a dar lugar a um outro tipo de “aglomeração” humana. “Pode ser que a barbárie soft e hi-tech que se propaga neste início do século XXI requeira uma nova maneira de estarmos juntos com os outros seres humanos e com o universo que nos cerca”, avalia o professor.
Sobre o autor
Carlos Antônio Leite Brandão é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG, mestre e doutor em Filosofia pela mesma universidade, com doutorado-sandwich na Università degli Studi di Firenze (Florença) e pós-doutorado pela Fundation Maison des Sciences de l'Homme e École des Hautes Études en Sciences Sociales (Paris) e junto ao CNRS-Paris/Villejuif.
Dentre suas publicações destacam-se os livros Arquitetura, Humanismo e República: a atualidade do De re aedificatoria, Na Gênese das racionalidades modernas: em torno de Alberti (vols. I e II), Quid Tum? O combate da arte em Leon Battista Alberti e A formação do homem moderno vista através da arquitetura.