
A abertura oficial dos trabalhos do projeto Enfrentamento às Arboviroses no Estado do Espírito Santo será realizada na próxima segunda-feira, 26, às 14 horas, no auditório Rosa Maria Paranhos, no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Ufes, localizado no campus de Maruípe. Trata-se de uma parceria entre a Universidade e o Governo do Estado, anunciada no mês de fevereiro último, em evento no Palácio Anchieta, visando à adoção de medidas para enfrentar a febre do oropouche em território capixaba.
Na ocasião, o reitor Eustáquio de Castro destacou a relevância do projeto, tendo em vista que o Espírito Santo concentra 95% dos casos de oropouche no Brasil. “Vamos, junto com pesquisadores de outras instituições capixabas, colocar todo o nosso conhecimento e infraestrutura de laboratórios nesse trabalho para buscar as melhores formas de combater e controlar esse mal”, afirmou o reitor.
O projeto é coordenado pelo Núcleo de Doenças Infecciosas (NDI) da Ufes, com participações da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/Sesa); da Secretaria de Estado de Agricultura, por meio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf); e com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Pesquisas em curso
Os três grupos envolvidos nas pesquisas já estão em funcionamento, sob a coordenação do professor Daniel Gomes, que também é o dirigente do NDI. O projeto conta com a colaboração dos professores do Departamento de Patologia da Ufes Edson Delatorre e Rodrigo Rodrigues – atualmente coordenador do Lacen/Sesa.
Uma das frentes de pesquisa investigou o primeiro óbito por febre oroupouche no Espírito Santo, confirmado oficialmente em dezembro de 2024 pela Sesa. Um artigo científico sobre o caso foi publicado na última segunda-feira, 19, na revista científica inglesa Lancet Infectious Diseases, com o título Unraveling the pathogenesis of Oropouche virus (Desvendando a patogênese do vírus oropouche).
O artigo descreve como a infecção pelo oropouche contribuiu para o óbito da paciente. Para identificar os fatores por trás do agravamento da doença, os pesquisadores analisaram dados virológicos, histopatológicos e imunológicos. O estudo também investigou como a resposta inflamatória descontrolada pode ter causado danos severos a órgãos como fígado, pulmões e rins, levando à falência múltipla.
“Trata-se da análise mais completa já realizada sobre um caso fatal de oropouche, revelando o potencial devastador do vírus – antes associado apenas a febres leves e autolimitadas – para desencadear complicações fatais. Os resultados reforçam a necessidade de monitorar casos graves e entender os mecanismos por trás dessas formas agressivas da doença”, afirma Delatorre.