Universidade Federal do Espírito Santo
Um grupo formado por 29 gestores e servidores dos quatro campi da Ufes participaram, nos dias 11 e 12 de setembro, do Curso Prático de Capacitação e Criação de Núcleo de Mediação de Conflitos e Práticas de Comunicação Não Violenta. A ação, incluída no Plano de Desenvolvimento de Pessoas (PDP) da Universidade, atende a uma proposta da gestão de criar Núcleos de Mediação de Conflitos nas unidades, conforme previsto no Plano de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e da Discriminação da Ufes.
A capacitação foi ministrada pelo professor e coordenador do Núcleo de Resolução Pacífica de Conflitos (NRPC) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), Ademar Bernardes Pereira Junior.
A programação incluiu fundamentos legais e teóricos da mediação, como a Lei nº 13.140/2015, que autoriza a criação de núcleos e câmaras de mediação na Administração Pública. Também foram discutidos fundamentos da teoria dos conflitos humanos, técnicas de mediação com simulações, oficinas de sessões mediadas e práticas de comunicação não violenta aplicadas às rotinas institucionais.
Segundo o professor, a proposta busca superar a abordagem punitiva predominante nas legislações disciplinares, como a Lei nº 8.112/1990 e o Decreto nº 1.171/2005. Ele afirma que, em casos sem prejuízo ao erário ou ao interesse público, medidas punitivas podem ser desproporcionais, aumentar a judicialização e não resolver os conflitos de forma objetiva. “A prática tem demonstrado que os conflitos tendem a se intensificar quando não há espaço para mudança de percepção. É necessário considerar a saúde mental, as relações interpessoais e o pluralismo de ideias previsto na Constituição”, declarou.
Referência
O modelo de mediação adotado pelo IFSP desde 2021 tem servido de referência para outras instituições, como os institutos federais de Minas Gerais, do Ceará, do Sertão de Pernambuco, do Rio Grande do Sul e de Rondônia, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG).
“A mediação oferece às partes a oportunidade de resolverem suas questões com negociação, diálogo profissional e sincero, validando as existências e diferenças. Trata-se de uma relação ganha-ganha, em que todas as percepções sobre os fatos são valorizadas. Empoderar pessoas para que resolvam suas diferenças é mais eficaz do que delegar ao Estado a decisão sobre quem tem razão, o que muitas vezes gera a sensação de injustiça”, afirmou o professor.
A capacitação foi ofertada na Ufes pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep) em parceria com a Diretoria de Mediação de Conflitos e de Correição (DPMC).
Foto: Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas
