Os Restaurantes Universitários (RUs) da Ufes entram no clima da campanha Novembro Azul com uma proposta diferente: além de boas refeições, servir também cultura, acolhimento e informação sobre saúde masculina e desconstrução de preconceitos. A campanha Novembro Azul: Respeito e Autocuidado será lançada oficialmente nesta sexta-feira, dia 14, em uma ação simultânea nos RUs de Goiabeiras, Maruípe, Alegre, São Mateus e Jerônimo Monteiro, com apresentações culturais, decoração temática e mostras de vídeos protagonizados por homens da comunidade acadêmica e da sociedade capixaba.
A iniciativa é promovida pelo programa de extensão Fordan: Cultura no Enfrentamento às Violências, pela Diretoria de Gestão de Restaurantes da Pró-Reitoria de Políticas de Assistência Estudantil (DGR/Propaes), e pela empresa Soluções S.A., que atualmente administra os restaurantes da Universidade. A ação conta com o apoio da Secretaria de Cultura (Secult/Ufes) e de diversos parceiros institucionais.
Durante os horários de almoço (das 11h às 13h30) e jantar (das 17h às 19h30) desta sexta-feira (o Dia D da campanha), os frequentadores dos restaurantes poderão assistir a performances musicais de artistas como Arthur Zimerer, em Goiabeiras; Max Acústico, em São Mateus; Marcus Paulo, em Maruípe; Danyel Sueth, em Alegre; e Leonnes Gomes, em Jerônimo Monteiro. Os restaurantes estarão decorados com balões azuis e as equipes usarão a cor símbolo da campanha, reforçando o clima de engajamento e conscientização.
Vídeos
Além da programação cultural do Dia D, o público poderá acompanhar, ao longo do mês, uma série de vídeos curtos e legendados sobre saúde física, mental e emocional, masculinidade e respeito. As produções serão exibidas nas televisões dos refeitórios e nas redes sociais, com conteúdos protagonizados por homens de diferentes gerações e perfis, promovendo representatividade e diálogo direto com o público masculino.
Entre os que vão vão compartilhar reflexões sobre autocuidado e responsabilidade coletiva estão o diretor de Gestão de Restaurantes, Iury Pessoa; o pró-reitor de Políticas de Assistência Estudantil, Antônio Carlos Moraes; o servidor do RU do campus de Alegre Rosemberg Celestino; o coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Pedro Lucas Fontoura; o estagiário de Nutrição do RU de Alegre Davi Ribeiro; o superintendente da Fundação Espirito-santense de Tecnologia (Fest), Armando Biondo Filho; o coordenador-geral do Centro de Referência em Assistência Social (Cras/Vitória), Hieverson Caser; o estudante de Jornalismo da Ufes Pedro Altafim; o professor de dança do Fordan Ruan Martins; o enfermeiro João Pedro Silva; o coordenador do Núcleo Psicossocial do Fordan, Sócrates Silva; o teólogo e líder comunitário Usiel Souza; o psicanalista Aloisio Silva; e o fisioterapeuta do Fordan, Brener Araújo.
Diálogo e transformação
Os cinco RUs da Ufes recebem, diariamente, cerca de 5,8 mil pessoas (em sua maioria estudantes de graduação e bolsistas) e servem, aproximadamente, 1,2 milhões de refeições por ano. Para o diretor Iury Pessoa, esses números reforçam o papel dos restaurantes universitários como espaços estratégicos de diálogo com a comunidade: “Quando integramos cultura e saúde ao momento da refeição, otimizamos nossa capacidade de diálogo com a comunidade universitária e até mesmo com a sociedade, já que os RUs recebem também cerca de 400 visitantes todos os dias. Isso inspira um modelo de gestão em que a segurança alimentar não anda isolada, mas serve de alavanca para promover qualidade de vida, combater a masculinidade tóxica, e promover pertencimento, permanência qualificada e sucesso acadêmico, tudo no mesmo ambiente”.
Ele destaca ainda que, por serem locais de convivência e pertencimento, os restaurantes universitários se tornam também espaços de transformação. Para o diretor, ao sediar ações como o Novembro Azul, os RUs reforçam o compromisso da Ufes com o cuidado integral de estudantes. “A transformação acontece quando a pessoa percebe que o RU não serve apenas para nutrir o corpo, mas também é um lugar seguro para desconstruir preconceitos, falar sobre autocuidado e entender que saúde mental e física são pilares da permanência estudantil, nossa missão enquanto restaurantes universitários. É a cidadania sendo exercida no intervalo das refeições”, completa Pessoa.
Idealizadora da ação, a coordenadora do Fordan, Rosely Pires, lembra que o programa de extensão tem uma trajetória de 20 anos de atuação no acolhimento de mulheres vítimas de violência, mas agora amplia o olhar para o público masculino. Segundo ela, envolver os homens nesse diálogo é um passo fundamental para promover uma educação antipatriarcal e antirracista.
“O patriarcado adoece tanto o homem quanto o leva a assassinar a mulher e a cometer suicídio, algo que é muito mais comum entre eles. E nós sabemos que quem mais sofre com limitações em saúde física e mental são pessoas negras da periferia. Então, ações como essa têm o compromisso de pensar o homem como protagonista também da desconstrução desse patriarcado. O autocuidado está diretamente ligado à questão do olhar para si, à desconstrução de tudo o que prejudica a busca por ajuda emocional”, conclui a coordenadora.
Universidade Federal do Espírito Santo