Universidade Federal do Espírito Santo
Três projetos desenvolvidos por estudantes da Enactus Ufes foram vencedores no evento nacional da Enactus Brasil, realizado em Belém (PA). Ao todo, foram conquistados sete troféus e três primeiros lugares com os projetos Roka, Poti e TwinGrid. A disputa, que contou com a participação de equipes de universidades de todo o país, considerou critérios como liderança empreendedora, inovação, modelo de negócios e impacto positivo e sustentável.
Com o Roka o time conquistou os primeiros lugares nos prêmios Marqueterie de Comunicação e Cooperando Para um Amanhã Melhor. Por meio do projeto é realizada coleta seletiva gratuita em comunidades vulneráveis, principalmente naquelas sem estrutura geográfica para receber o serviço público tradicional. Foram criados Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), que recebem os resíduos em dias e horários definidos pelos alunos. Como incentivo aos moradores, foi desenvolvida a moeda social “Roka”, distribuída trimestralmente como forma de gamificação, fortalecendo a economia local. A metodologia ultrapassou fronteiras e é compartilhada com a Universidade de Gana, por meio do projeto Upcrafts, dentro do Programa Action with Africa.
Com o Poti a equipe garantiu o 1° lugar no prêmio Alimentação em Foco, da Fundação Cargill. O Poti é uma iniciativa que une inovação, nutrição e sustentabilidade. Por meio dele, a equipe desenvolve uma farinha nutritiva, versátil e de baixo custo a partir da casca de camarão. O processo envolve secagem, moagem e peneiramento até que ela atinja a granulometria ideal, resultando em um ingrediente pronto para enriquecer refeições escolares. Além disso, foram adotadas embalagens de papel kraft com o intuito de reduzir os impactos ambientais.
Já com o TwinGrid o grupo venceu o prêmio Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 7. A proposta surgiu como uma solução sustentável que mapeia a rede elétrica, garantindo que a energia chegue igualmente a toda a população. Trata-se de um software alinhado a sensores que fornecem o mapeamento correto e em tempo real às fornecedoras de energia.
Consciência social
A Enactus Ufes reúne estudantes dos cursos de Artes Visuais, Engenharia Elétrica, Administração, Nutrição e Designer. Para o professor do Departamento de Engenharia de Produção Wander Demonel, coordenador do Enactus Ufes, a experiência de participar de projetos de extensão muda a forma como os alunos enxergam o mundo, preparando-os para a vida e para o mercado de trabalho de um jeito que a sala de aula, por si só, não consegue.
Ele pontua que são desenvolvidas habilidades como autonomia e responsabilidade, senso coletivo, gestão, conexão entre teoria e prática, consciência social e empatia.
"Ao trabalhar diretamente com comunidades, os alunos saem das suas zonas de conforto, das suas 'bolhas', e passam a conhecer outras realidades e a entender as dificuldades e os desafios das 'pessoas reais' – muitas vezes revelando um mundo bem diferente daquele que até então conheciam. Isso cria uma consciência social e uma empatia gigantescas e os transforma em profissionais mais humanos, que se preocupam com o impacto de suas ações na sociedade. É uma experiência que marca a vida", observa.
Para a estudante Beatriz Colodete, a maior motivação para desenvolver as propostas é a vontade de transformar realidades por meio do empreendedorismo social, aplicando na prática o que é aprendido na Universidade.
"Atuamos junto a populações em situação de vulnerabilidade, que geralmente não têm acesso a direitos básicos como renda, educação e alimentação. É gratificante ver que, mesmo ainda em formação, somos capazes de gerar mudanças e contribuir para um futuro mais justo e inclusivo", diz.
Os projetos desenvolvidos beneficiam moradores do bairro Jesus de Nazareth, em Vitória; do município de Santa Leopoldina; e de Gana, na África. Além do apoio da Rede Enactus, as iniciativas contam com financiamento de empresas privadas
Fotos: acervo do projeto
