Projeto de recuperação de manguezal conquista 1º lugar no Prêmio Consciência Ambiental 2025

04/06/2025 - 18:30  •  Atualizado 05/06/2025 11:48
Texto: Thereza Marinho
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Foto de mudas crescendo no manguezal

A Ufes e a Fundação Espírito-santense de Tecnologia (Fest) receberam na noite desta terça-feira, 3, o Prêmio Consciência Ambiental Immensitá 2025 pelo desenvolvimento do projeto Manutenção do Estoque Natural: Experiências Compartilhadas com a Comunidade Extrativista (Enec), que conquistou o 1º lugar nacional na categoria Filantropia, Ensino e ONGs. O prêmio, que está em sua quarta edição, reconhece e homenageia instituições que protagonizam práticas ambientais transformadoras em seus setores de atuação.

Selecionado em um edital do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FunBio), o projeto de extensão é desenvolvido em Aracruz desde janeiro de 2024 com a restauração dos manguezais mortos da bacia dos rios Piraquê-Mirim e Piraquê-Açú. Coordenado pela professora Mônica Tognella, do Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas do campus de São Mateus, tem como ideia central combater a degradação do bioma nessas áreas, contribuindo para a mitigação das emergências climáticas.

O reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, e o superintendente da Fest, Armando Biondo Filho, participaram da solenidade de premiação, realizada em São Paulo. Para o reitor da Ufes, o prêmio mostra que a Universidade está alinhada com as questões relacionadas ao meio ambiente, atuando e buscando parcerias a fim de contribuir para a redução do desequilíbrio ambiental e climático.

“Por isso damos importância às parcerias que firmarmos com órgãos ambientais como o ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade], o Ministério do Meio Ambiente e a CIRM [Comissão Interministerial para os Recursos do Mar]. Por meio dessas parcerias conseguimos ampliar nossa atuação em diversas frentes, caminhando ao lado da sociedade e do poder público rumo a um futuro mais sustentável”, afirma Eustáquio de Castro.

O superintendente da Fest e o reitor da Ufes segurando o prêmio
O superintendente da Fest, Armando Biondo Filho, e o reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, na cerimônia de premiação.

Para o superintendente da Fest, o reconhecimento ao projeto celebra não só a restauração de manguezais em Aracruz, mas também o poder transformador da ciência feita com e para as comunidades.

“Receber este prêmio é uma honra imensa e, acima de tudo, um reconhecimento a um caminho de governança participativa que construímos juntos: pesquisadores, estudantes universitários, povos indígenas, pescadores artesanais, marisqueiras, catadores de caranguejo e gestores públicos. Um caminho em que a ciência e o conhecimento tradicional caminham lado a lado. Essa conquista é coletiva”, disse Biondo Filho.

Recuperação

O projeto Enec vem sendo desenvolvido com o objetivo de restaurar uma área de cerca de 600 hectares de manguezal em Aracruz, destruída após uma forte chuva de granizo. Sem indícios de recomposição natural, vários bens e serviços ambientais deixaram de ser produzidos ou tiveram sua produção reduzida, comprometendo a qualidade de vida ambiental e das comunidades que deles dependem.

Com o projeto, pesquisadores de diferentes áreas desenvolveram técnicas de restauração, em processo compartilhado com a comunidade tradicional, e estudaram os processos de vazão de água doce e batimetria das bacias para compreender que impactos locais provocaram a mortalidade da área.

A professora Mônica Tognella destacou a importância da integração dos diferentes saberes científicos: "Eu fui a idealizadora mas, junto comigo, existem outros professores nas suas competências. Nós podemos nos complementar e proporcionar um entendimento ecológico bastante aprofundado das causas que levaram a essa mortalidade e quais as melhores técnicas para o processo de restauração. E os nossos resultados vêm ao encontro daquilo que nós somos, servidores públicos. Este projeto está a serviço da sociedade". 

Tognella afirmou ainda que, mais que resultados científicos, o projeto trará resultados sociais relevantes: "Este projeto envolveu a sociedade nos processos de conservação ambiental e de pertencimento local. As pessoas se apropriaram dos recursos locais, puderam entender sua importância e que a própria comunidade é capaz de cuidar dos seus recursos naturais. Então, cientificamente teremos dados maravilhosos mas, socialmente, teremos dados muito melhores".

Atualmente, mais de 200 hectares estão em processo ativo de restauração, com protagonismo das comunidades locais e impacto real na preservação ambiental.

Fotos: Projeto Enec e equipe do Prêmio Consciência Ambiental

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