Estudantes e pesquisadores do projeto de extensão Superação, vinculado ao Departamento de Design da Ufes, estão trabalhando em um mural no entorno da Escola Estadual Hildebrando Lucas, localizada no bairro Maruípe, em Vitória. Por meio de desenhos e pinturas, o mural busca preservar a memória e a trajetória de pessoas que ajudaram a escrever a história de 13 bairros da capital e se tornar referência histórica para as futuras gerações. A previsão é que o mural seja finalizado nesta quinta-feira, dia 14.
Entre as pessoas retratadas no mural, estão “tia Nayuma”, “dona Penha”, “seu Oto”, “seu Edissir”, “dona Ana Maria” e “seu Laudelino”, moradores com trajetórias inspiradoras que envolvem criatividade na promoção do sustento, atuação comunitária e valorização da educação. As histórias foram coletadas pelos professores da escola, Tiago Vieira e Ricardo Salvalaio, e pela estudante da Ufes Thaíssa Tolentino.
A proposta de criação do mural surgiu do desejo de aproximar a arte do cotidiano dos moradores e transformar o espaço público em um lugar de afeto e reconhecimento. “O projeto reforça o papel da Universidade como agente ativo no território. Ao unir conhecimento acadêmico, prática profissional e participação comunitária, o mural se torna um exemplo de como a extensão universitária pode gerar impacto social e cultural”, avalia a professora do Departamento de Design Heliana Pacheco, coordenadora do projeto.
Segundo ela, a experiência proporcionou aos estudantes um contato direto com as demandas reais da cidade e a oportunidade de aplicar conceitos de design em um contexto concreto e significativo: “Não se trata apenas de estética, mas de identidade, pertencimento e memória coletiva”.
Símbolos
A execução da obra tem orientação do designer gráfico Radael Junior, do muralista Augusto Moraes e da equipe Locomotipo, todos egressos do curso de Design da Ufes. Eles buscam retratar os personagens acompanhados de um conjunto de símbolos visuais que remetem à trajetória pessoal de cada um, criando uma narrativa gráfica que convida o observador a “ler” cada história. O mural dialoga com a estética do designer capixaba Ronaldo Barbosa, ao repetir elementos na composição do mural, e se inspira no artista holandês Piet Mondrian, pelo uso de retângulos e linhas que organizam o espaço de maneira equilibrada.
Segundo a coordenadora, o mural tem despertado a curiosidade e o orgulho dos moradores desde o início do processo de produção: “Crianças apontam para as figuras, idosos relembram histórias e contam outras e jovens elogiam o que veem. Aos poucos, a obra vai se integrando ao dia a dia, transformando-se em um marco afetivo no bairro”.
Para Pacheco, a iniciativa abre caminho para novas intervenções artísticas na cidade, mostrando que o espaço público pode ser um espelho da diversidade e da força das comunidades que o habitam.
Foto: acervo do projeto
Universidade Federal do Espírito Santo