Elaborada no Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGG) da Ufes, a dissertação Mapeamento do suicídio no Espírito Santo: uma análise espacial do início do século XXI buscou mapear a incidência e os perfis de vítimas de suicídio no Estado para que haja um direcionamento de ações de prevenção visando à redução das ocorrências.
A análise levou em consideração as 13 microrregiões e os 78 municípios do território capixaba. Foram utilizados dados coletados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), que são disponibilizados pelo Departamento de Informação do Sistema Único de Saúde (Datasus), de 2001 a 2019.
A região central do Estado foi a que registrou maior incidência de casos no período pesquisado, sendo que 13 municípios foram classificados com risco alto-alto. Nessa categoria estão localidades que apresentam elevadas taxas de mortalidade por suicídios e cujas cidades vizinhas apresentam o mesmo cenário.
Na avaliação do autor da pesquisa, Marcone Henrique de Freitas, é possível identificar semelhanças entre os resultados e dinâmicas sociais desses locais que podem exercer influência nesse comportamento. Boa parte dos municípios classificados como risco alto-alto possui parte da população residindo em zona rural, com forte presença de descendentes de imigrantes europeus, e possui o perfil epidemiológico bem semelhante. Além disso, ele apontou que os métodos mais utilizados pelas vítimas também são fatores em comum.
O aumento de casos entre os jovens e adultos foi outro tópico identificado na pesquisa. A partir de 2015, a taxa de ocorrência entre essas pessoas cresceu consideravelmente, chegando a oito óbitos por cem mil habitantes em 2019. Além disso, quando analisado em termos absolutos, o segmento foi o que mais apresentou mortes por suicídio, totalizando aproximadamente 46,5% de todos as registradas no Estado.
Prevenção
Freitas defende que pesquisas são importantes para subsidiar ações de combate e prevenção ao suicídio. “Por mais que o suicídio seja um tema pesado e envolva uma série de tabus, acredito que o melhor modo de enfrentar um problema é descobrindo tudo (ou quase tudo) sobre ele. É com base nisso que sigo pesquisando e incentivando novas pesquisas sobre o tema, pois somente através do máximo de informações é que iremos conseguir ter o melhor direcionamento de ações de prevenção e combate ao suicídio”, afirmou.
Onde procurar ajuda
A Rede de Atenção Psicossocial, os serviços de urgência e também equipes de referência na Atenção Primária à Saúde (APS) estão preparados para os atendimentos às pessoas em sofrimento psíquico, bem como o acolhimento aos familiares.
Em caso de necessidade, é possível procurar os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), as unidades de saúde e os postos e centros de saúde. As unidades de emergência como SAMU 192, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), prontos-socorros e hospitais também são locais de atendimento.
O Centro de Valorização da Vida (CVV), por meio do número 188, funciona 24 horas, prestando apoio emocional de forma voluntária e gratuita a todas as pessoas que querem e precisam conversar com alguém. Todo o processo acontece sob total sigilo por telefone, e-mail ou chat em qualquer dia da semana.
Texto: Ana Clara Andrade (bolsista em projeto de Comunicação)
Imagem: Marcelo Camargo - Agência Brasil
Edição: Sueli de Freitas e Thereza Marinho