Obra de Arthur Bispo do Rosário é tema de livro produzido por professor da Ufes. Lançamento nesta sexta, 17

16/10/2025 - 13:55  •  Atualizado 19/10/2025 12:10
Texto: Com informações da assessoria de comunicação do Instituto Marlin Azul     Edição: Thereza Marinho
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Foto da capa do livro

O professor aposentado do Centro de Artes da Ufes e artista plástico capixaba Orlando Faria, conhecido como Lando, lança nesta sexta-feira, dia 17, o livro O Segredo do Labirinto – Uma proposta de leitura da obra plástica de Arthur Bispo do Rosário. O evento de lançamento da obra, aberto ao público, ocorre às 19 horas, na sede do Instituto Marlin Azul (Rua Oscar Rodrigues de Oliveira, 570, Jardim da Penha, Vitória), instituição responsável pela organização e produção do livro.

A obra propõe uma reflexão sobre a relação entre loucura e arte, após vários anos de pesquisas e estudos sobre a trajetória de Arthur Bispo do Rosário. Com 104 páginas, o livro tem apresentação do professor de Arte Contemporânea da Ufes Waldir Barreto e prefácio da poeta, filósofa e psicanalista Viviane Mosé.

Segundo o autor, O Segredo do Labirinto parte do interesse plástico-formal e ressalta a importância da arte no contexto das instituições psiquiátricas como instrumento de reabilitação da individualidade. O livro, porém, analisa a obra de Rosário em contexto mais amplo sobre a criação artística, e não se restringe aos aspectos terapêuticos do fazer artístico nem às especulações do interesse psicanalítico.

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Foto em preto e branco de Arthur Bispo do Rosário
Arthur Bispo do Rosário

Jornada

Rosário, aos 28 anos de idade, depois de uma visão de Cristo descendo com sete anjos no quintal de sua casa, vagou pelas ruas do Rio de Janeiro até ser preso e internado. Logo foi diagnosticado como esquizofrênico paranoide e transferido para a Colônia Manicomial Juliano Moreira, naquela cidade, onde permaneceu internado por 50 anos, em grande parte confinado a uma solitária. Negro, pobre e enclausurado, Arthur Bispo do Rosário ressignificou sua condenação ao isolamento e à inexistência através de uma jornada épica pelo universo da arte, tornando-se um dos mais singulares representantes da cultura contemporânea brasileira.

Na colônia, criava assemblagens (montagens) a partir de objetos usados e descartados no cotidiano do local, como calçados, roupas, vassouras, caixas, garrafas, arames, plásticos, papéis, talheres, pentes, pedras e muitos outros. Criou uma série de bordados feitos sobre lençóis usados com linhas obtidas através do desmanche dos uniformes dos internos da instituição. Desenhou mapas e narrou acontecimentos da sua vida dentro e fora da instituição psiquiátrica onde morreu em 5 de julho de 1989.

Foto do professor e artista plástico capixaba Orlando Faria
O professor e artista plástico Orlando Faria 

"A obra de Arthur Bispo do Rosário nasce em reação à ameaça desintegradora da loucura e ao caráter asfixiante, paralisador e homogeneizante, representado pela instituição manicomial onde passou a maior parte de sua vida. Assim, a criação no contexto da vida asilar se torna uma forma de administrar a loucura e dar sentido positivo a uma vida que estaria fadada a um existir miserável, marcado tão somente pela dor e pelo sofrimento. Seu trabalho, então, assume-se como um instrumento de ressurreição entre os destroços da loucura”, descreve Lando.

Sobre o autor

Com tempo e espaços criativos divididos entre Brasil e Portugal, Orlando Faria foi professor da Ufes por 25 anos até o ano passado, quando se aposentou. É mestre em História Social da Cultura pela PUC/Rio, com doutoramento pela Universidade de Lisboa. Desde os anos 1980 produz uma obra vasta, significativa e variada, que vai da pintura ao vídeo, da fotografia à instalação e à escultura. Realizou exposições nas cidades de Vitória, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Santiago, Berlim, Paris, Florença, Lisboa e outras.

Fotos: Instituto Marlin Azul

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