Nova edição do projeto Percursos reúne obras de artistas de outras universidades na Galeria de Arte e Pesquisa

08/10/2024 - 16:10  •  Atualizado 08/10/2024 16:51
Texto: Leandro Reis     Edição: Thereza Marinho
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Cartaz de divulgação do evento

Estudantes de outras universidades públicas expõem suas obras na Galeria de Arte e Pesquisa (GAP) da Ufes a partir das 18 horas desta terça-feira, 8, na nova edição do projeto Percursos. Realizada desde 2023, a iniciativa deste ano reúne 25 trabalhos de artistas das universidades federais Fluminense (UFF) e do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Com curadoria dos professores Alexandre Vogler (UERJ), Carlos Eduardo Borges (Ufes), Italo Bruno (UFRJ), Julio Sekiguchi (UFRJ) e Maria Moreira (UERJ), o projeto tenta mapear a produção artística realizada no contexto acadêmico e incentivar o intercâmbio entre obras e artistas, contribuindo para a formação dos estudantes de Artes. No ano passado, enquanto alunos da Ufes expuseram seus trabalhos na UFF, estudantes da universidade carioca tiveram suas obras expostas na GAP. Nesse processo, além de mostrarem suas pesquisas individuais para um público diferente, os estudantes locais organizam a montagem dos trabalhos dos colegas.

Estudante de Pintura da UFRJ, Helena Rodrigues participa da exposição com uma instalação que investiga aspectos de fé e festa presentes nas ruas do Rio de Janeiro, um tema recorrente no seu trabalho, já exposto em outros espaços, como no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica. Rodrigues acredita que a oportunidade de compartilhar a obra na GAP pode gerar novos olhares sobre a relação entre arte e cultura urbana, temática central no seu trabalho.

“Será um momento importante para receber feedback e observar como minha obra, que carrega referências muito específicas do Rio de Janeiro, será recebida em outro ambiente”, afirma ela. “Para mim, o contato com a cidade e suas expressões populares sempre foi uma fonte inesgotável de inspiração.”

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Imagem da obra "Meu ônibus", da artista Giovana Alves, que estará em exposição. O quadro retrata o interior de um ônibus, com os bancos em azul e cabeças de pessoas ao fundo.
A obra "Meu ônibus", da estudante da Universidade Federal Fluminense (UFF) Giovana Alves, é um dos trabalhos que estará em exposição na GAP.

A exposição fica em cartaz até o dia 7 de novembro. A GAP está aberta para visitas de terça a sexta-feira, das 9 às 12 horas e das 13 às 17 horas. A entrada é gratuita. Visitas de grupos que desejarem mediação devem ser agendadas previamente pelo e-mail gap@ufes.br.

Artistas da Ufes na UFF

Simultaneamente à exposição realizada na GAP, a Galeria Gaia, no novo Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF, recebe obras de 17 estudantes da Ufes, além de artistas da UFF, UERJ e UFRJ, como parte do mesmo projeto. Segundo Ana Júlia Teodoro, estudante e curadora local da exposição na UFF, o conjunto dos trabalhos sugeriu a temática comum do “devaneio”.

“O ‘devaneio’ vem desde o capricho de uma imaginação, a parte onírica do pensar-se, quanto da memória, da divagação, da mente se distanciar do próprio corpo. É esse aspecto quase ancestral que as obras passam que chama a atenção e as amarra”, explica.

Dentre as expositoras, a estudante de Artes Plásticas da Ufes Ana Follador participa com videoperformance, fotografias e uma prosa impressa em tecido de algodão cru, que trabalham questões como memória afetiva e abandono parental. Para além da felicidade de ver suas obras circulando, a artista - que também está com fotografias expostas no campus Serra do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) até 18 de outubro - acredita que  os trabalhos podem evidenciar questões experimentadas de forma coletiva.

“A obra exposta no projeto Percursos, por exemplo, tenciona abordar um problema social numeroso: entre 2015 e 2023, o Brasil registrou 27 mil casos de crianças e adolescentes entre zero e 18 anos por abandono pelos pais ou responsáveis”, declara Follador. Suas fotografias expostas no Ifes também abordam temáticas de interesse social: realizadas em 2018, as imagens representam pessoas, ambientes e histórias importantes da aldeia indígena Tekoá Mirim, do povo Guarani, que vive à beira do rio Piraquê-açu.

“A circulação dessa segunda obra parte da necessidade de evidenciar os povos originários do Espírito Santo, que são institucionalmente invisibilizados e esquecidos por políticas públicas e construções colonizadoras que compõem a sociedade capixaba”, afirma.

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