Moradores de periferias são retratados em paredes da Ufes. Ação acontece em parceria com universidade britânica 

10/06/2024 - 18:44  •  Atualizado 11/06/2024 19:05
Texto: Adriana Damasceno     Edição: Thereza Marinho
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Grupo de professores e estudantes posam em frente ao painel que está sendo pintado

Uma parceria entre a Ufes e a Universidade de Wrexham, do País de Gales (Reino Unido), proporcionou a realização de uma manifestação artística em paredes do campus de Goiabeiras. Painéis com desenhos que retratam histórias de superação de moradores das periferias de Vitória foram desenhados por estudantes das duas instituições de ensino, em um projeto chamado TAITH no Brazil: Superação. Os trabalhos foram feitos em duas paredes ao lado da cantina do prédio Cemuni IV e a intervenção final acontecerá nesta quarta-feira, 12, quando algumas das pessoas retratadas estarão presentes para apreciar os desenhos.

Foram produzidos dois murais. No primeiro, mostrando as histórias de superação de limites de seis pessoas do estado, que terão suas trajetórias pessoais ressignificadas por meio da arte e do design. Já no segundo, será possível visualizar a alegria dos visitantes britânicos por estarem em Vitória e a conexão com o país de origem. Entre as linguagens envolvidas, estão galês, inglês, e português em tupinikim.

Os desenhos são feitos por estudantes e professores da Universidade de Wrexham, por alunos do curso de graduação em Design e de mestrado e doutorado em Artes da Ufes, e por artistas, em especial designers do Grupo Locomotipo, egressos da Ufes. A ação de design social (que é aquela na qual a comunidade é incluída como coautora) é coordenada pelos professores Aparecido José Cirilo (Departamento de Artes Visuais - DAV) e Heliana Pacheco (Departamento de Design - DD), que morou no Reino Unido e retornou à Ufes também com a missão de aproximar as duas universidades, especialmente os programas de pós-graduação.

Similaridades

Para Cirilo, que coordena o Laboratório de Extensão e Pesquisa em Artes (Leena/Ufes), a importância do projeto está na aproximação das duas culturas. “É o que a gente chama de ‘culturas de resistência’; a própria questão do país dentro do Reino Unido, que tem outra língua original, que vem tentando ser calada e apagada pela própria hegemonia do inglês. Vários pontos da cultura capixaba são ligados a essa perspectiva da resistência cultural, em especial porque, mesmo estando na região Sudeste, o Espírito Santo não tem os benefícios dos outros estados e deixa de ter outros apoios do governo federal”, analisa.

Pacheco explica que a ação é inspirada em um projeto de formação de líderes em comunidades e que o ato de coletar e expor histórias de superação da comunidade envolvida com a Ufes tem o objetivo de fortalecer as pessoas, mostrando que “a resistência os torna fortes ou os reconhece fortes. O fato dessas histórias terem sido coletadas pelos alunos da Universidade, inclusive em comunidades de povos originários, e a própria história dos britânicos nesta experiência única, permite que vejamos similaridades nas múltiplas culturas envolvidas”.

 

A foto mostra três participantes do projeto em frente ao painel. Uma delas pinta um girassol, enquanto as outras duas sorriem olhando o trabalho

Intercâmbio cultural

A parceria entre as instituições durará cinco anos e esta é a primeira ação advinda da cooperação. O secretário de Relações Internacionais (SRI/Ufes) Yuri Leite acredita que projetos como o TAITH no Brazil: Superação sejam importantes por mostrarem que a internacionalização vai além das áreas das Ciências Exatas e Biológicas: “A internacionalização é importante, existe muito espaço e é desejável que a Universidade se envolva em todas as áreas, incluindo as Artes. As universidades dos dois países acabam se beneficiando muito quando se integram projetos em arte e muitas vezes a arte é vinculada à questão social também”.

De acordo com ele, trata-se de uma excelente oportunidade de intercâmbio cultural para os estudantes e professores do Reino Unido que vieram pela primeira vez ao Brasil, e futuramente a Ufes poderá enviar alunos para execução de atividades locais no País de Gales. “Esse tipo de projeto integra pesquisa, ensino, extensão e internacionalização. É algo que deixa um registro permanente no campus, um painel bonito que será visto por milhares de pessoas das comunidades acadêmica e externa”, ressalta.

Segundo Pacheco, o painel está sendo desenvolvido na Ufes devido ao papel de aglutinador de diversas culturas que a Instituição tem. “Quem passar por aqui poderá se ver neste painel. Óbvio que muitas histórias poderiam ser retratadas, mas esta seleção é um recorte. No fundo, é um grande exercício de comunicação com o qual os alunos aprendem fazendo. Para a comunidade, o retorno está no ensinamento do quanto conseguiram atingir seus objetivos”, finaliza.

Fotos: Equipe do projeto

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