Mais de cem profissionais recebem formação na Ufes sobre saúde mental e desmedicalização de crianças e adolescentes

09/06/2025 - 10:30  •  Atualizado 09/06/2025 16:40
Texto: Adriana Damasceno, com informações do coletivo Ponte e Rede     Edição: Thereza Marinho
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Foto dos professores que participaram do curso

Cerca de cem profissionais de áreas como educação, saúde, justiça, assistência social, direitos humanos e conselho tutelar participaram, ao longo de dez meses, do curso gratuito Produção de cuidado em saúde mental para crianças e adolescentes, concluído na última sexta-feira, dia 6. Com carga horária total de 60 horas, a formação foi realizada no campus de Goiabeiras e teve como eixo orientador principal o debate acerca da despatologização e desmedicalização da vida de crianças e adolescentes.

As aulas foram organizadas pelo projeto de extensão Construir pontes e tecer redes: debates, apoio e supervisão na atenção à saúde mental de crianças, adolescentes e jovens, vinculado ao Departamento de Terapia Ocupacional (DTO). Por meio de exposições e diálogos, foram discutidos temas como atenção psicossocial para crianças e adolescentes; importância da intersetorialidade na garantia de direitos; promoção da saúde mental; família; cuidado; psicopatologia; e desmedicalização.

O curso contou também com um seminário sobre patologização da vida de crianças e adolescentes, cujas palestras foram proferidas por professores e pesquisadores de várias partes do país. “Os encontros tiveram como objetivo oportunizar espaço para a atualização e debate sobre a produção de cuidado em saúde mental de crianças, adolescentes e jovens na perspectiva da Atenção Psicossocial, visando qualificar e fortalecer as ações do Sistema de Garantia de Direitos na atenção e produção de cuidado em rede, alinhado aos direitos humanos na perspectiva intersetorial”, explica a professora do DTO Bruna Taño, uma das coordenadoras do projeto de extensão.

Participante do curso, a assistente social Zuleny Melo considera que os encontros foram enriquecedores por proporcionarem a troca de saberes entre profissionais intersetoriais. “Foi ótimo participar desse curso com pessoas dedicadas a aprender cada vez mais e a colocar em prática [o que aprendem], inserindo e viabilizando o direito garantido para as crianças e os adolescentes que estão na fase de construção de sua cidadania. As facilitadoras do curso foram extremamente importantes no processo de transferência de conhecimento com simplicidade, estudo e sensatez. Estou muito agradecida por tudo o que vivenciei”.

Políticas públicas

Cocoordenadora do projeto, a professora do DTO Teresinha Constantinidis diz que a proposta é seguir realizando ações formativas para gestores e trabalhadores do Sistema de Garantia de Direitos, visando o fortalecimento de políticas e ações públicas que defendam a diferença, o respeito, a vida e os modos de viver, sofrer e produzir relações de crianças e adolescentes. “Já temos pautadas ações pontuais com serviços que acompanham crianças e adolescentes e compreendemos a urgência de realizarmos ações para profissionais que trabalham na socioeducação e no sistema de justiça. Acreditamos que este é o papel da universidade: produzir conhecimento de modo compartilhado e que responda às urgências de nosso tempo”, avalia.

O projeto Construir pontes e tecer redes faz parte do coletivo Ponte e Rede, grupo coordenado por Taño e Constantinidis que reúne ações de pesquisa e de extensão que se articulam em torno do tema da saúde mental de crianças e adolescentes, direitos humanos, intersetorialidade e terapia ocupacional. O coletivo também coordena as atividades do projeto Trajetos cotidianos e acompanhamento em saúde mental para crianças e adolescentes, com foco assistencial e na construção da rede de cuidado e proteção a crianças e adolescentes com deficiência e ou que estejam vivendo em contextos de grande vulnerabilização.

Foto: projeto de extensão Construir pontes e tecer redes

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