Acolha. Não puna. Este é o tema da roda de conversa que será promovida pelo grupo de estudo, pesquisa e extensão Fênix para marcar o Dia Internacional contra o Abuso de Drogas e o Tráfico Ilícito, celebrado no dia 26 de junho. Nesta data (próxima quarta-feira), o público poderá conhecer mais sobre o movimento, que é organizado mundialmente como contraponto ao discurso de combate às drogas. O evento acontecerá a partir das 19 horas, no Espaço Thelema, localizado na rua Graciano Neves, no centro de Vitória. A entrada é gratuita e aberta a todos os interessados.
O Acolha. Não Puna é uma iniciativa internacional centrada nas bases de apoio de danos e políticas de drogas que priorizam a saúde pública e os direitos humanos. Trata-se de um Dia de Ação Global que tem como objetivo recuperar e mudar a lógica da data, sendo organizado por entidades do mundo todo, que consideram o Dia Internacional contra o Abuso de Drogas e o Tráfico Ilícito problemático.
O Grupo Fênix atua há mais de 20 anos realizando análises de políticas de saúde, saúde mental e drogas. De acordo com a professora do Departamento de Serviço Social (DSS) e coordenadora do Grupo Fênix, Fabíola Leal, o Dia de Ação Global é uma data para pensar o acolhimento, o cuidado da liberdade, a política de redução de danos e o atendimento às pessoas que demandam algum tratamento na área de drogas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Rede de Proteção Psicossocial. “A guerra às drogas não permite o cuidado em liberdade no caso das pessoas que têm problemas com as substâncias e precisam de ajuda”, avalia Leal.
Para a coordenadora, a data marca uma concepção proibicionista no campo das drogas, direcionando o Estado à criação de políticas públicas que reforcem o combate a partir do viés da segurança, da repressão e da coerção. “Prende-se mais em nome disso e o estigma recai principalmente sobre pessoas jovens, pretas e periféricas. A guerra às drogas só favorece a elite que consome e trafica, pois pobre e preto, independente se é usuário, será encarcerado”, afirma a coordenadora.
Em sua concepção antiproibicionista, os pesquisadores do Grupo Fênix entendem que não é possível guerrear contra as substâncias psicoativas e o que se pretende atacar não é combatível com políticas ainda mais repressivas. “Encarcera-se no sistema prisional e nas instituições religiosas sob o mote de tratar a dependência química, mas nenhuma dessas políticas funciona, e muitos países já provaram isso. A guerra às drogas não permite o cuidado em liberdade no caso das pessoas que têm problemas com os entorpecentes e precisam de ajuda”, sentencia Leal.
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