A Galeria de Arte e Pesquisa da Ufes (GAP) está com inscrições abertas para a exposição coletiva O Cru e o Cozido - Diálogos com a Cerâmica Contemporânea. Artistas ceramistas de todo o Brasil têm até o dia 23 de abril para concorrer às 12 vagas disponibilizadas no edital. A exposição ficará em cartaz na GAP de 28 de maio a 28 de junho deste ano.
Para participar da seleção, o candidato deve enviar três fotografias da obra (em visão frontal, de topo e em perspectiva), uma breve biografia e descrição material e conceitual da obra, além de especificações técnicas. Outras informações estão disponíveis no edital.
A curadoria da exposição está a cargo da artista Rosana Paste e da coordenadora da GAP, Isabela Frade. Segundo Frade, a escolha dos trabalhos passará por critérios como qualidade estética, capacidade de atingir sensorialmente e formalmente e significação poética.
“O que faz uma obra ser ou não ser arte? O público às vezes confunde gosto com apreciação. No nosso caso, não se trata de agradar os sentidos, mas de desafiá-los”, afirma a curadora. Ela diz que a capacidade de surpreender também será um fator importante na seleção. “Como a cerâmica contemporânea é um campo em expansão e hibridação, na mescla com outros meios artísticos como a pintura, a gravura e a performance, por exemplo, esperamos boas surpresas”.
Além da montagem das obras selecionadas, a exposição prevê uma participação da artista Regina Rodrigues, que foi professora do Departamento de Artes Visuais e coordenadora do curso de Artes Plásticas da Ufes. “Ela influiu de forma contundente no cenário da cerâmica capixaba. Hoje temos uma profusão de ceramistas no estado, com mais de 130 núcleos envolvendo a cerâmica. Quase todos foram seus alunos ou são descendentes dos seus alunos”, afirma Frade.
Diálogo
O mote da exposição, O Cru e o Cozido, é inspirado na obra homônima do antropólogo Claude Lévi-Strauss, referência nos estudos da mitologia ameríndia. “São observações das dietas ameríndias e de outras culturas sobre o papel primordial na elaboração dos alimentos e da importância do fogo – do cozimento – como elo vital e demarcatório da vigência cultural”, explica Frade.
Segundo a curadora, o diálogo da exposição com a obra do antropólogo se dá a partir da ideia de transformação da matéria. “Cerâmica é argila cozida. Na cerâmica contemporânea, essa restrição se rompe para relações mais livres com a terra e com a argila, e nem tudo passa pelo fogo”, afirma.