Flor de café conilon pode ser usada na produção de chá

29/05/2025 - 13:26  •  Atualizado 29/05/2025 13:36
Texto: Sueli de Freitas     Edição: Thereza Marinho
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Foto de uma flor de conilon

A potencial utilização das flores da Coffea canephora (café conilon) na produção de chás foi o resultado de uma pesquisa desenvolvida pela Ufes, por meio do Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas, do Centro Universitário do Norte do Espírito Santo (Ceunes), em São Mateus, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade do Porto (Portugal). A pesquisa identificou os principais compostos bioativos das flores do conilon e fez a caracterização de seus perfis voláteis e sensoriais em infusões.

Segundo o professor Fábio Parteli, do Ceunes/Ufes, “a pesquisa deixa claro que as flores de café conilon têm grande potencial para o mercado de chás, pois proporcionam um produto com qualidades químicas, aromas e sabores extraordinários”. Ele diz, contudo, que muitos estudos devem ainda ser realizados até mesmo para saber quais genótipos são melhores para a produção de chá.  “O trabalho foi pioneiro e muito ainda há de ser feito para otimizar processos, levantar custos e viabilidade econômica” afirmou Parteli.

A pesquisa foi realizada com seis genótipos de árvores de conilon (Verdim R, B01, Bicudo, Alecrim, 700, CH1) cultivadas em Nova Venécia, noroeste do Espírito Santo. Oito compostos de ácido clorogênico, sete ácidos fenólicos e os alcaloides cafeína e trigonelina foram quantificados em todos os extratos florais.

Em artigo publicado na revista Foods, os pesquisadores afirmam que “esses compostos são conhecidos por influenciar o sabor da semente do café e estão diretamente relacionados às suas ações antioxidantes e anti-inflamatórias in vivo e, consequentemente, às suas propriedades benéficas à saúde”.

Sabor e aroma

As infusões foram caracterizadas por um painel sensorial composto por nove avaliadores treinados (com idades entre 28 e 58 anos) do Brasil e dos Estados Unidos, com um mínimo de 200 horas de experiência na avaliação de diferentes produtos alimentícios e 50 horas de experiência na avaliação de chás ou infusões. Para gerar descritores sensoriais, seis amostras de infusões de flores de conilon foram apresentadas aos avaliadores.

De acordo com o resultado da avaliação, foram identificados nas flores 85 compostos orgânicos voláteis (que evaporam rapidamente). Floral, jasmim e flor-de-laranjeira, herbal, café verde, amadeirado e doce foram os atributos sensoriais mais citados para fragrância, aroma e sabor. “O que é interessante nesse chá [de flores de conilon] é que, além de ter compostos bioativos, também tem sabor e aroma maravilhosos”, diz a professora da UFRJ Adriana Farah.

A comercialização de flores de café poderá beneficiar consumidores e produtores, agregando valor à produção de café. “Esperamos que esse trabalho contribua para o desenvolvimento futuro de rodas de aromas e sabores de flores de café e para a consolidação do consumo de chá de flores de café em todo o mundo, para estimular o uso de todas as partes nobres da planta de café, aumentando a renda dos agricultores e apoiando a Agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030”, finalizam os pesquisadores no artigo.

Atualmente, o conilon é uma das principais espécies comercialmente exploradas no mundo, respondendo por cerca de 45% do mercado de café. O Vietnã é o maior produtor e exportador mundial de conilon. O Brasil é o segundo maior produtor da espécie.

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