Exposição de Vitor Nogueira celebra ofício das paneleiras no hall do Teatro Universitário a partir desta quarta, 10

09/07/2024 - 16:58  •  Atualizado 09/07/2024 17:13
Texto: Leandro Reis     Edição: Thereza Marinho
Compartilhe
Cartaz de divulgação da abertura da exposição, com data, hora e local do evento

Na semana em que se comemora o Dia das Paneleiras (7 de julho), as artesãs do bairro de Goiabeiras ganham uma exposição no hall do Teatro Universitário nesta quarta-feira, 10, com 31 fotografias de Vitor Nogueira, que mostra as várias etapas do processo de fabricação do utensílio. Bem imaterial registrado pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e recentemente declarado patrimônio cultural imaterial do Espírito Santo pela Assembleia Legislativa, a panela de barro guarda as histórias e a expressão de um grupo social marcado por seu ofício há mais de 400 anos.

As Paneleiras são fruto do Acervo de Artes Visuais da Galeria de Arte Espaço Universitário (Gaeu). Produzidas entre 1979 e 1980 pelo fotógrafo, as obras foram incluídas no acervo na década seguinte, por meio da Secretaria de Cultura da Ufes (Secult/Ufes). Até o dia 10 de setembro, o público poderá visitar a exposição, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas. A abertura acontece nesta quarta, às 18 horas.

Segundo o secretário de Cultura da Ufes, Rogério Borges, o projeto expositivo é resultado de um processo coletivo de toda a equipe da Gaeu: “A ideia foi mostrar um recorte do acervo, com foco na identidade cultural capixaba, e o trabalho do Vitor Nogueira traz um registro importante”, afirma. “Ao colocar as paneleiras como protagonistas, a Universidade proporciona uma interação entre os saberes tradicionais e a comunidade acadêmica, valorizando o ativo e o significado cultural do seu entorno”.

Há a intenção, segundo o secretário, de manter o hall do teatro como um espaço expositivo permanente da Secult, valorizando as obras que a Ufes tem em seu acervo. “A próxima exposição também será de nosso acervo”, diz.

Aberta para visitação no teatro até setembro, o campus de Goiabeiras é só a primeira parada de As Paneleiras, adianta Borges: “Essa exposição será itinerante e a levaremos aos outros campi da Ufes”.

Imagem
Foto em preto e branco de duas panelas de barro sobre uma bancada. Ao fundo, uma senhora produzindo uma panela

Papel social

Há mais de 30 anos no acervo da Ufes, as fotos de Vitor Nogueira voltam a “cumprir seu papel social de mostrar um pouco mais de sua identidade capixaba”, segundo o fotógrafo, ao encontrarem de novo o seu público.

Na época da produção, Nogueira visitou as paneleiras diversas vezes para fazer as fotos. “Ainda não existia um galpão, muito menos a Associação das Paneleiras. Elas trabalhavam em suas próprias casas, espalhadas pelo bairro de Goiabeiras”, lembra.

As fotografias evidenciam o processo de fabricação das panelas em suas diversas etapas, desde a extração das matérias-primas, passando por modelagem, queima a céu aberto, aplicação da tintura de tanino, até chegar aos últimos detalhes.

“O ‘fazer panelas’ tem um roteiro completo, rico em atividades complementares e cheio de detalhes, desde os materiais usados na sua produção até sua destinação final como utensílio de preparo dos mais conhecidos pratos da gastronomia do estado, a moqueca e a torta capixaba”, afirma Nogueira.

O que atraiu o fotógrafo – e continua o instigando, já que Nogueira segue fotografando as paneleiras – foi a história secular do ofício das artesãs. “São saberes e fazeres dos povos originários, os indígenas, e foram assimilados por caboclos e suas mulheres. É importante registrar esse grupo de pessoas e tentar fortalecer o trabalho, a cultura e sua expressão social”, diz.

Categorias relacionadas