Nos dias 5 e 6 de outubro, o grupo de pesquisa Cultura Audiovisual e Tecnologia (CAT/Ufes) apresentará a obra audiovisual imersiva e interativa Territórios do Presente: conflitos, mediações, interações no hall de entrada da Biblioteca Central, no campus de Goiabeiras. Entre 10 e 14 horas, o público poderá visualizar, por meio de óculos de realidade virtual, produtos comunicacionais voltados para a divulgação de questões socioambientais da região metropolitana da Grande Vitória.
Um dia antes da exposição, 4 de outubro, os interessados em conhecer o processo, o trabalho e os resultados da pesquisa poderão participar de uma apresentação sobre a abordagem teórico-metodológica utilizada no estudo. A ação, aberta a toda a comunidade acadêmica e também ao público externo, será realizada no auditório do Centro de Artes (CAr), localizado no Cemuni 4, a partir das 10 horas.
Visibilidade
O trabalho foi desenvolvido durante as atividades do projeto de pesquisa Comunicação e divulgação científica: pesquisa-criação para o desenvolvimento de obras interativas, imersivas e colaborativas, coordenado pela professora do curso de Comunicação Social e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades (PósCom/Ufes) Daniela Zanetti. “A proposta é dar visibilidade a essas questões socioambientais, explorando as possibilidades da realidade virtual em articulação com os territórios físicos”, explica Zanetti.
Ela explica que os territórios são espaços sujeitos a diferentes formas de apropriação e dominação (tanto físicas quanto simbólicas) por parte dos atores sociais, o que implica em disputas de poder: “Um conflito socioambiental é aquele decorrente da escassez de um recurso do meio ambiente, provocada por distúrbios desencadeados pelo ser humano sobre as taxas normais de regeneração”.
Por meio de um turismo virtual com imagens em 360 graus, vídeos e textos explicativos, a exposição apresenta as regiões de Jesus de Nazareth; Manguezal de Vitória; Vale do Mulembá; Camburi; Canal da Costa; Jacaranema; Morro da Fonte Grande; Itapuã; e Morro do Jaburu, mostrando alguns conflitos socioambientais vivenciados pelos ocupantes destes espaços.
Pó preto
Um exemplo apresentado na mostra diz respeito aos gases poluentes e ao chamado material particulado (partículas muito finas de sólidos ou líquidos suspensos na atmosfera), provenientes das mineradoras e siderúrgicas instaladas na Grande Vitória, e que são liberados no ar da região, especialmente no bairro de Camburi. De acordo com o estudante de mestrado do PósCom Daniel Jacobsen, ex-bolsista do CAT/Ufes, apesar de algumas ações realizadas pelas principais empresas, visando a redução da emissão de partículas, a quantidade do chamado pó preto que se acumula nas casas e no organismo da população capixaba tem aumentado de maneira significativa nos últimos anos.
Na avaliação do pesquisador, há uma desigualdade de forças em disputa, visto que as entidades que representam a sociedade civil, “apesar de possuírem capital econômico, social e cultural”, têm pouco poder de enfrentamento.
Para Zanetti, ainda que os efeitos da degradação do meio ambiente não levem diretamente a conflitos, eles têm capacidade de produzir vários efeitos sociais interrelacionados. “Isso, em algum momento, resulta em situações que podem gerar algum tipo de violência”, conclui.
O projeto Territórios do Presente: conflitos, mediações, interações foi financiado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).
Texto: Adriana Damasceno
Imagem: CAT/Ufes
Edição: Thereza Marinho