Pesquisadores da Ufes, da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) apresentam nesta quarta-feira, 20, os resultados de um estudo que desenvolveu amostras de um padrão de interações sociais que servirá potencialmente para ajudar nas próximas pandemias e epidemias de doenças causadas por vírus respiratórios. Os resultados da pesquisa serão apresentados à Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) às 16 horas, na sede da instituição, em Vitória.
A gestão das práticas de saúde em resposta à pandemia de covid-19, utilizando-se de estratégias não farmacológicas, é o tema central do estudo, desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa em Epidemiologia (LabEpi/Ufes), sob a coordenação da professora do Departamento de Enfermagem da Ufes Ethel Maciel (que, atualmente, exerce o cargo de secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde). A professora do Departamento de Serviço Social e pesquisadora do LabEpi Adriana Ilha representará a coordenadora no evento, que é aberto ao público.
Padrão
A pesquisa desenvolveu amostras de um padrão, usando modelagens matemáticas. “Isto contribui na avaliação das tendências e cenários de transmissão do vírus, como por exemplo, da covid-19, utilizando-se de dados de testagens, notificações dos infectados, hospitalizados e mortos e análises sobre tamanho das famílias, meios de transporte utilizados e local de trabalho”, ressalta a coordenadora.
Os dados foram obtidos por meio de um estudo de base populacional, com entrevistas domiciliares feitas em 22 setores censitários da Grande Vitória. A partir deste trabalho, os pesquisadores analisaram o número, a frequência, a intensidade e a localização dos contatos; a distribuição por local; e os padrões de contatos relacionados a fatores como idade, sexo e padrão socioeconômico.
Distanciamento
Os pesquisadores observaram que estratégias não farmacológicas, como o isolamento ou o distanciamento social forte, com uso de máscaras (em especial a chamada peça facial filtrante, PFF2), foram de grande importância para conter a disseminação da doença e de infectados por novas variantes do vírus. “O conversar e o tocar em uma pessoa constituem os principais eventos de risco para disseminação e aumento das taxas de infecção pela covid-19. Com a flexibilização do comércio, shoppings, cinemas e eventos, aumenta a interação social, muitas vezes sem o comportamento e a prática de biossegurança diante da exposição de novas doenças”, pontua Maciel.
As conclusões da pesquisa devem agora estabelecer e potencializar subsídios para a discussão de políticas de saúde e prestação de serviços no Sistema Único de Saúde (SUS), visando a uma abordagem mais centrada no enfrentamento à covid-19 e suas diversas mutações, além de outras síndromes respiratórias agudas graves.
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