Estudantes e lideranças indígenas participam da aula inaugural do novo curso de Pedagogia Intercultural Indígena

05/09/2024 - 16:45  •  Atualizado 05/09/2024 16:52
Texto: Thiago Sobrinho     Edição: Thereza Marinho
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Foto da abertura da aula inaugural, com todos os presentes posando para a foto. Atrás, projetada na tela do cinema, a logomarca do curso e a data da aula.

Estudantes e lideranças indígenas das etnias Guarani, Tupinikim, Xavante e Pataxó participaram nesta quinta-feira, 5, da aula inaugural do curso de Pedagogia Intercultural Indígena (PIINDI), que aconteceu no Cine Metrópolis, campus de Goiabeiras. O novo curso foi criado com o objetivo de formar professores indígenas para atuarem na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.

Além dos 40 alunos que vão iniciar sua trajetória no 2º semestre deste ano, a aula inaugural do novo curso da Ufes, vinculado ao Centro de Educação, contou com a presença da vice-reitora Sonia Lopes, e das coordenadoras do PIINDI e professoras do Departamento de Linguagens, Cultura e Educação, Ozirlei Marcilino e Fernanda Machado.

Sonia Lopes celebrou o evento e pontuou que ele representa a materialização do compromisso político da Universidade com a educação da população brasileira, além de ser um direito assegurado pela Constituição Brasileira.

“A criação deste curso é o reconhecimento da importância da sabedoria ancestral, dos conhecimentos tradicionais e do direito dos povos indígenas de participarem plenamente na construção de uma sociedade mais equânime, diversa e respeitosa", destacou.

Ainda de acordo com a vice-reitora, o PIINDI reflete também o esforço coletivo que envolveu pesquisadores internos e externos à Universidade, destacando, sobretudo, a contribuição dos pesquisadores indígenas.

Interculturalidade

A professora Ozirlei Marcilino ressaltou que o caráter intercultural do curso foi uma premissa desde que ele passou a ser pensado. Segundo ela, a ideia é sempre unir formadores indígenas e professores da Ufes e de outras universidades.

“Essa interculturalidade não vai se fazer nessa relação entre indígenas e não indígenas – se existem não indígenas–, mas nessa relação entre todos nós que estaremos neste curso”, destacou.

Para Fernanda Machado, a ideia é de que o curso se torne “uma ponte entre saberes”. “Ele não tratará apenas do conteúdo tradicional de um curso de pedagogia, mas também abrirá espaço para diálogos com as cosmovisões indígenas”, explicou.

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Foto da roda de conversa, com estudantes e lideranças indígenas sentados sobre cangas e esteiras, na área externa do Centro de Educação

Conhecimento indígena

O educador e líder tupinikim Jocelino Quiezza afirmou que presença dos estudantes indígenas dentro da universidade tem um propósito. “Nós viemos dialogar com esse conhecimento que se diz ser tão científico, mas que às vezes acaba abafando o conhecimento tradicional e oriundo dos povos originários”, enfatizou. “Nós também somos produtores de ciência”, sublinhou.

Por fim, a liderança tupinikim parabenizou a Ufes por permitir trazer seu conhecimento para a instituição e colaborar com ela, contribuindo para que a Universidade se torne um espaço de diversidade: “Estamos territorializando o lugar, demarcando a universidade, dizendo que esse espaço também é nosso”.

Após a aula inaugural, estudantes e lideranças indígenas almoçaram no Restaurante Universitário, e à tarde participaram de uma roda de conversa com os formadores do curso e de uma aula sobre gestão financeira no Centro de Educação.

Fotos: Ana Oggioni

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