Dezesseis estudantes do curso de Engenharia Civil da Ufes que participam do projeto de extensão ConcrES conquistaram o 1º lugar nacional no concurso Concreto: Quem sabe faz ao vivo, realizado durante o 66º Congresso Brasileiro do Concreto, que aconteceu em Curitiba (Paraná). O desafio era elaborar, na prática, um concreto autoadensável translúcido com o menor consumo de cimento possível, mas que atingisse a maior resistência em 24 horas. O objetivo era avaliar a habilidade dos competidores em dosar e moldar esse tipo de material, que deve atender a requisitos específicos de espalhamento e estabilidade.
A professora do Departamento de Engenharia Civil Rudiele Schankoski, coordenadora do curso, conta que desde 2019, quando o projeto de extensão foi criado, a Universidade vem fortalecendo sua participação e ampliando sua representatividade nas competições.
“Essa conquista é fruto de muito empenho, estudo e comprometimento de todos os integrantes do projeto. Esse resultado demonstra o quanto nossos alunos estão sendo bem preparados e capazes de competir em alto nível, colocando a Ufes em posição de destaque nacional. Também reflete a qualidade da formação oferecida pelo curso, unindo teoria, prática e inovação”, comemora.
Mão na massa
Esta é a sexta vez que a equipe participa do concurso, mas, apesar de não ser estreante, a preparação em horário extra-classe foi minuciosa, com duração de um ano. A rotina envolveu estudos teóricos, orientações, testes e ensaios em laboratório sob o olhar atento do também professor do Departamento de Engenharia Civil Ronaldo Pilar, que divide a coordenação do projeto com Schankoski.
O primeiro passo foi a leitura atenta do edital, já que qualquer descumprimento poderia colocar tudo a perder. “Entendemos todos os requisitos que precisávamos cumprir, como o volume mínimo, a classe de espalhamento, o Índice de Estabilidade Visual (IEV), a moldagem dos corpos de prova, a translucidez da placa e as penalizações de tempo”, explica o estudante Abner Pimentel.
Feito isso, foi hora da fase prática, que consistiu em ajustar o traço, controlar o slump (consistência do concreto fresco), calibrar o teor de argamassa e buscar a estabilidade do concreto. “Testávamos pelo menos uma vez por semana, sempre analisando onde errávamos e ajustando para que na rodagem seguinte o desempenho fosse melhor. Foi um processo contínuo de tentativa, correção e melhoria”, completa.
Obstáculos
Os estudantes contam que, durante a prova, as dificuldades começaram antes mesmo de entrarem na baia, pois, como estavam competindo em outro estado, já sabiam que os materiais seriam diferentes dos usados no laboratório. A maior diferença foi a granulometria da areia, que em Curitiba é mais fina do que a utilizada no Espírito Santo. “Esse detalhe impacta diretamente no comportamento do concreto, porque uma areia mais fina aumenta a área superficial e exige mais pasta, mais água e mais controle para manter a fluidez sem perder coesão”, esclarece Pimentel.
Outro obstáculo enfrentado foi a umidade da areia. Enquanto no laboratório o trabalho é feito com o material praticamente seco, com um teor próximo de 0%, no concurso, a areia natural disponibilizada tinha 6% de umidade. Diante disso, os planos para a execução da prova foram recalculados na hora, desde o teor de argamassa até o ajuste da relação água/cimento e da dosagem de aditivo.
As competições promovidas pelo Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) fazem parte do maior congresso da América Latina voltado à tecnologia do concreto. Esta edição reuniu 28 equipes de diferentes instituições, que concorreram nas categorias Quem Sabe Faz ao Vivo; Cocar; e Ousadia.
Imagens: Projeto ConcrES
Universidade Federal do Espírito Santo