
A Ufes celebrará a trajetória literária e acadêmica de Conceição Evaristo concedendo à escritora e linguista o título de doutora honoris causa, a maior honraria concedida por instituições de ensino superior a pessoas que tenham se destacado por sua contribuição em áreas como cultura e educação. A sessão solene será realizada nesta terça-feira, dia 15, às 18 horas, no Teatro Universitário. O evento é aberto ao público e não há necessidade de retirada de ingresso, mas a entrada estará sujeita à capacidade do espaço.
Proposta por professores da Ufes e militantes negros capixabas em conjunto com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), a concessão do título reconhece a contribuição da escritora para a sociedade por meio de suas obras, sobretudo para a luta antirracista.
O evento terá início com apresentações culturais que dialogam com a obra da homenageada, como a do Coral Serenata d’Favela, conhecido por interpretar canções populares com influências afro-brasileiras. No hall do Teatro o público também poderá ver a exposição fotográfica E Eu, Mulher Preta?, que retrata a força e a pluralidade da mulher negra no Brasil.
Após as manifestações artísticas, terá início a sessão solene, conduzida pelo reitor da Ufes, Eustáquio de Castro.
Versatilidade
Natural de Belo Horizonte (MG), Conceição Evaristo se notabiliza pela versatilidade de seus textos, que variam entre ficção, poesia e ensaio, e pela publicação de obras em que se destacam personagens e contextos sociais marcados por relações de gênero e raça. Entre seus livros mais conhecidos estão Ponciá Vicêncio, Insubmissas Lágrimas de Mulheres, e Olhos D’água, vencedor do Prêmio Jabuti em 2015.
Para a professora e pesquisadora do Neab Patrícia Rufino, Conceição Evaristo é um ícone cultural do Brasil, uma vez que transita no meio acadêmico, como pesquisadora e professora, e no meio literário, por meio de sua observação do cotidiano da população negra, incluindo suas próprias vivências. “Ela traz a memória, a narrativa e a identidade para os seus poemas. Uma senhora que viveu tantas gerações e conheceu tanto a desigualdade do nosso país. A outorga do título é um reconhecimento simbólico e político da sua contribuição inestimável”, diz.
Embora não tenha vínculo formal com a Ufes, Conceição Evaristo é objeto de diversos estudos na Universidade, incluindo grupos de pesquisa dedicados a seu processo de “escrevivência”, uma junção entre a escrita e a experiência pessoal. Segundo Rufino, ao outorgar o título a Conceição Evaristo, a Ufes reafirma a importância da inclusão da mulher negra e periférica nas universidades.
“Essa homenagem é uma inspiração para tantas mulheres com a mesma trajetória. Isso nos faz pensar o quanto a universidade é um espaço de luta e resistência, mas também de fortalecimento da identidade e de ressignificação de vidas. E que essas vidas precisam ser valorizadas”, afirma.