Encontro de psicanálise discute educação, política e subjetividade a partir desta quinta-feira, 7, no campus de Goiabeiras

06/08/2025 - 12:23  •  Atualizado 06/08/2025 13:34
Texto: Tatiana Moura     Edição: Leandro Reis
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Cartaz de divulgação do evento

Qual a função política da palavra no laço social? Para responder a esse e a outros questionamentos, será realizado, na quinta e na sexta-feira, dias 7 e 8, o II Encontro do Grupo de Trabalho Psicanálise, Educação e Política. Sediado no Edifício Paulo Freire, no campus de Goiabeiras, o evento tem como objetivo promover reflexões críticas sobre subjetividade, educação e política, a partir da perspectiva psicanalítica.

Segundo a organização do evento, o encontro será aberto ao público, caso haja vaga no momento das atividades. A programação completa está disponível no Instagram do grupo.

“A palavra tem um papel fundamental na construção do laço social. É por meio da linguagem que nos constituímos como sujeitos e nos relacionamos com o outro. A palavra tem potência política, pois pode tanto abrir caminhos para o reconhecimento da diferença e do desejo, quanto ser usada para silenciar, normatizar e excluir”, explica a professora do Departamento de Psicologia da Ufes e coordenadora do evento, Ariana Lucero.

Medicalização

Um dos temas do evento é a medicalização na escola e na universidade, processo pelo qual comportamentos e questões sociais passam a ser interpretados e tratados como problemas médicos. Também coordenadora do encontro, a professora do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Kelly Brandão assegura que, nesses espaços, a medicalização se expressa na tendência de diagnosticar dificuldades de aprendizagem ou comportamentos considerados “inadequados” como transtornos individuais, descolando-os de seu contexto social, pedagógico e político.

“Esse contexto faz com que questões como desigualdade social, racismo, machismo, LGBTfobia, violências estruturais ou falhas institucionais sejam ocultadas por uma lógica biomédica que individualiza e patologiza os sujeitos”, afirma Brandão.

Segundo ela, há uma crescente demanda por diagnósticos, medicamentos e tratamentos que, muitas vezes, respondem mais a uma lógica de controle e normatização do que à escuta do sofrimento. “Isso tem impactos diretos no serviço público de saúde, sobrecarregando os sistemas, promovendo intervenções padronizadas e, muitas vezes, desconsiderando as singularidades dos sujeitos e os determinantes sociais do sofrimento”, analisa.

O encontro ainda terá mesas com os temas Desejo e transmissão em meio à (des)erotização do saber e a (des) politização da Educação; Educação e psicanálise: futuros possíveis; e Saúde, Educação e Inclusão. Já nos ateliês, nos quais serão apresentadas comunicações orais, os participantes discutirão questões como raça e gênero nos atravessamentos da adolescência, poéticas e diversidade.

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