Dançarinos do programa de extensão Fordan são premiados em festival internacional de dança

27/05/2025 - 16:59  •  Atualizado 27/05/2025 17:32
Texto: Adriana Damasceno     Edição: Thereza Marinho
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Foto da coreografia Viral

Estudantes da Ufes e membros da comunidade capixaba que fazem parte do corpo de dançarinos do programa de extensão Fordan: cultura no enfrentamento às violências foram premiados na segunda edição do Grande Prêmio Internacional de Dança do Espírito Santo, festival que aconteceu no Teatro Universitário no último final de semana e contou com mostras competitivas de balé clássico e neoclássico, dança contemporânea, jazz, danças urbanas e estilo livre. A equipe do Fordan foi a única representante da Ufes na competição e conquistou o terceiro lugar em duas categorias: Estilo Livre - Conjunto Avançado; e Dança Contemporânea - Conjunto Avançado.

O Fordan foi premiado com as coreografias Viral e Diva, desenvolvidas pelos coreógrafos, dançarinos e professores de dança do Laboratório Instrumental de Dança (Lida/Fordan) Ruan Loureiro e Janayna Gomes, respectivamente. Na coreografia Viral, dez bailarinos apresentam os efeitos de um vírus, abordando o poder de disseminação da internet. “A ideia foi refletir sobre o mundo virtual, principalmente a partir da relação com o celular e as redes sociais, e como esse espaço tem sido utilizado para a reprodução de violências sobre os corpos, sobretudo de pessoas negras”, explica Loureiro, professor das oficinas de jazz.

Já em Diva, quatro bailarinas trataram do empoderamento das mulheres, mostrando uma personalidade feminina glamurosa e bem-sucedida que foi ganhando destaque em espaços que antes eram ocupados majoritariamente por homens. “A relação da coreografia com os Direitos Humanos é debater o lugar da mulher frente a uma sociedade patriarcal, na qual apenas os homens têm voz. É direito de todas as mulheres usufruir da liberdade política e sexual, do acesso à justiça e à educação, da igualdade salarial e da independência financeira”, avalia Gomes, responsável pelas aulas de stiletto do Lida.

Foto da coreografia Diva, na qual quatro bailarinas dançam no palco

Para o especialista em Ensino da Dança e coordenador do Núcleo de Cultura do Fordan, Everton de Oliveira, as premiações recebidas pelos dançarinos reafirmam a excelência do trabalho artístico e pedagógico desenvolvido pelo programa, fortalecendo a visibilidade do projeto no cenário da dança e contribuindo para sua legitimação junto à comunidade acadêmica e à sociedade. “A participação do Fordan foi marcada pelo trabalho coletivo e pela valorização de temáticas fundamentais, como os Direitos Humanos, que permeiam todas as modalidades oferecidas pelo programa. Essas premiações reafirmam a qualidade artística do grupo e a relevância do seu trabalho no cenário, refletindo nosso compromisso com a arte, a inclusão e a formação crítica por meio da dança”, ressalta.

Espaço de expressão

O programa de extensão Fordan: cultura no enfrentamento às violências é um projeto social criado em 2005 pela professora do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) Rosely Pires, que, além de oferecer oficinas de dança para a comunidade acadêmica e para toda a sociedade capixaba, atua no enfrentamento da violência sofrida por mulheres, crianças, jovens e pessoas em vulnerabilidade social. Segundo Oliveira, o Fordan se utiliza da dança para criar espaços seguros de expressão, escuta e reconstrução subjetiva, nos quais as mulheres atendidas podem ressignificar suas vivências, recuperar a autoestima e transformar a arte em uma ferramenta de resistência, cura e transformação. 

Algumas oficinas e ensaios foram realizados nas salas do CEFD em uma parceria articulada pela direção do Centro com a organização do evento, o que viabilizou a participação dos bailarinos do Fordan a partir de cotas gratuitas de apresentação e de envolvimento em oficinas. “Esta parceria objetivou oferecer oportunidades de aperfeiçoamento artístico, imersões e vivências aos estudantes. Foi uma parceria produtiva, que resultou em prêmios e reconhecimento ao Fordan”, avalia a diretora do CEFD, Zenólia Figueiredo. 

Para Everton de Oliveira, a participação do Fordan em eventos como o Grande Prêmio Internacional de Dança vai além da exibição artística. "Ela está diretamente ligada à missão social do projeto, especialmente no que se refere ao acolhimento de mulheres em situação de vulnerabilidade e vítimas de violência. A arte, neste contexto, reafirma o compromisso do Fordan com os Direitos Humanos e com a promoção de uma cultura de paz e equidade de gênero”, conclui.

Fotos: Divulgação

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