Consciência Negra: enfermeiro especialista em doenças infecciosas, professor Thiago Prado se dedica ao estudo da tuberculose

19/11/2024 - 17:18  •  Atualizado 19/11/2024 18:39
Texto: Adriana Damasceno     Edição: Thereza Marinho
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Foto do professor Thiago Prado em pé, na frente de um púlpito, em um congresso

Na véspera do dia 20 de novembro, em que pela primeira vez será feriado nacional em comemoração ao Dia da Consciência Negra e em celebração à memória de Zumbi dos Palmares, a série especial do portal da Ufes sobre docentes negros da Instituição apresenta o professor do Departamento de Enfermagem (DE) e dos programas de pós-graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) e em Enfermagem (PPGEnf) Thiago Prado, especialista em epidemiologia das doenças infecciosas, em especial a tuberculose (TB). A conscientização sobre o combate à patologia foi lembrada no último domingo, 17, no Dia Nacional do Combate à Tuberculose.

Doutor em Doenças Infecciosas, o professor é um dos coordenadores do Laboratório de Pesquisa em Epidemiologia (LabEpi/Ufes), que, nos próximos dias 26 e 27, realizará o Congresso sobre Eliminação da Tuberculose e Doenças Socialmente Determinadas, no auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE), no campus de Goiabeiras; e coordena a área de Epidemiologia: Informação e Informática da Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose (Rede-TB), organização não governamental que busca auxiliar o desenvolvimento de novos medicamentos, vacinas, testes diagnósticos e estratégias de controle da TB.

Antes de ser professor da Ufes, Prado atuou como enfermeiro no Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (CPC/Hucam), onde trabalhou com pacientes em tratamento de TB e HIV/Aids inseridos em protocolos de pesquisa e, desde seu ingresso como professor universitário (em dezembro de 2010), desenvolve estudos relacionados à saúde pública em paralelo à docência.

Atualmente, ele coordena dois projetos financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). O primeiro é um estudo multicêntrico realizado em seis capitais brasileiras, que visa avaliar a incorporação do Enfermeiro no cuidado longitudinal de pessoas com tratamento preventivo da tuberculose. O segundo pesquisa a insegurança alimentar e o custo do tratamento de TB em pessoas vivendo ou não com HIV/Aids no Espírito Santo.

Prado é vinculado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS), no campus de Maruípe, onde ministra as disciplinas de Epidemiologia e Estágio Curricular na Atenção Primária à Saúde, no curso de graduação em Enfermagem; Epidemiologia, no PPGSC; e Redação de Artigos Científicos, no PPGEnf. No mestrado e no doutorado, orienta pesquisas na área de estudos epidemiológicos e operacionais sobre a tuberculose, como fatores associados à interrupção do tratamento; proteção social nas pessoas e familiares em sofrimento pela doença; insegurança alimentar; e tratamento preventivo da TB.

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Foto do professor Thiago Prado com um grupo de estudantes e pesquisadores

Pertencimento

Segundo a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep), dos 335 docentes do CCS, 75 (22,3%) se autodeclaram pretos ou pardos. Um dos 33 docentes homens negros do Centro (o que representa 25,3%), Prado considera que, muitas vezes, é cansativo ser um professor negro por causa da necessidade de convencer as pessoas de sua função, além de precisar convencer a si mesmo de que o espaço que ocupa também pertence a ele: “Uma vez fui fazer uma visita científica em uma universidade e, ao chegar na instituição, um aluna, que queria muito me conhecer pois tinha lido vários artigos meus, me abordou e disse: ‘seu Currículo Lattes não tem foto e eu imaginava um pesquisador branco’”.

Desde 2019, ocupa a chefia da Divisão de Mobilidade para a Ufes na Secretaria de Relações Internacionais (SRI/Ufes), cargo que, segundo ele, é de grande responsabilidade, mas também muito gratificante porque o possibilita interagir com pessoas de diferentes países e culturas, além de se conectar com estudantes interessados em estudar na Ufes. “A maioria dos nossos alunos internacionais é de África, o que me faz sentir mais conectado com eles, suas vivências e ancestralidades”, ressalta.

Prado também é pesquisador vinculado ao Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab/Ufes), atuou na Comissão Permanente de Heteroidentificação Racial da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd/Ufes) e participou de bancas de heteroidentificação racial do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Este ano, ele presidiu a comissão responsável pelas entrevistas do Sisu.

Fotos: Arquivo pessoal

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