Na véspera do dia 20 de novembro, em que pela primeira vez será feriado nacional em comemoração ao Dia da Consciência Negra e em celebração à memória de Zumbi dos Palmares, a série especial do portal da Ufes sobre docentes negros da Instituição apresenta o professor do Departamento de Enfermagem (DE) e dos programas de pós-graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) e em Enfermagem (PPGEnf) Thiago Prado, especialista em epidemiologia das doenças infecciosas, em especial a tuberculose (TB). A conscientização sobre o combate à patologia foi lembrada no último domingo, 17, no Dia Nacional do Combate à Tuberculose.
Doutor em Doenças Infecciosas, o professor é um dos coordenadores do Laboratório de Pesquisa em Epidemiologia (LabEpi/Ufes), que, nos próximos dias 26 e 27, realizará o Congresso sobre Eliminação da Tuberculose e Doenças Socialmente Determinadas, no auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE), no campus de Goiabeiras; e coordena a área de Epidemiologia: Informação e Informática da Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose (Rede-TB), organização não governamental que busca auxiliar o desenvolvimento de novos medicamentos, vacinas, testes diagnósticos e estratégias de controle da TB.
Antes de ser professor da Ufes, Prado atuou como enfermeiro no Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (CPC/Hucam), onde trabalhou com pacientes em tratamento de TB e HIV/Aids inseridos em protocolos de pesquisa e, desde seu ingresso como professor universitário (em dezembro de 2010), desenvolve estudos relacionados à saúde pública em paralelo à docência.
Atualmente, ele coordena dois projetos financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes). O primeiro é um estudo multicêntrico realizado em seis capitais brasileiras, que visa avaliar a incorporação do Enfermeiro no cuidado longitudinal de pessoas com tratamento preventivo da tuberculose. O segundo pesquisa a insegurança alimentar e o custo do tratamento de TB em pessoas vivendo ou não com HIV/Aids no Espírito Santo.
Prado é vinculado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS), no campus de Maruípe, onde ministra as disciplinas de Epidemiologia e Estágio Curricular na Atenção Primária à Saúde, no curso de graduação em Enfermagem; Epidemiologia, no PPGSC; e Redação de Artigos Científicos, no PPGEnf. No mestrado e no doutorado, orienta pesquisas na área de estudos epidemiológicos e operacionais sobre a tuberculose, como fatores associados à interrupção do tratamento; proteção social nas pessoas e familiares em sofrimento pela doença; insegurança alimentar; e tratamento preventivo da TB.
Pertencimento
Segundo a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep), dos 335 docentes do CCS, 75 (22,3%) se autodeclaram pretos ou pardos. Um dos 33 docentes homens negros do Centro (o que representa 25,3%), Prado considera que, muitas vezes, é cansativo ser um professor negro por causa da necessidade de convencer as pessoas de sua função, além de precisar convencer a si mesmo de que o espaço que ocupa também pertence a ele: “Uma vez fui fazer uma visita científica em uma universidade e, ao chegar na instituição, um aluna, que queria muito me conhecer pois tinha lido vários artigos meus, me abordou e disse: ‘seu Currículo Lattes não tem foto e eu imaginava um pesquisador branco’”.
Desde 2019, ocupa a chefia da Divisão de Mobilidade para a Ufes na Secretaria de Relações Internacionais (SRI/Ufes), cargo que, segundo ele, é de grande responsabilidade, mas também muito gratificante porque o possibilita interagir com pessoas de diferentes países e culturas, além de se conectar com estudantes interessados em estudar na Ufes. “A maioria dos nossos alunos internacionais é de África, o que me faz sentir mais conectado com eles, suas vivências e ancestralidades”, ressalta.
Prado também é pesquisador vinculado ao Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab/Ufes), atuou na Comissão Permanente de Heteroidentificação Racial da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd/Ufes) e participou de bancas de heteroidentificação racial do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Este ano, ele presidiu a comissão responsável pelas entrevistas do Sisu.
Fotos: Arquivo pessoal