Com entrada gratuita, espetáculo Armazém Viktória reflete sobre a crueldade humana

02/08/2024 - 15:05  •  Atualizado 04/08/2024 21:31
Texto: Leandro Reis     Edição: Thereza Marinho
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Cartaz de divulgação, com informações sobre o espetáculo

O Teatro Universitário recebe neste fim de semana a temporada de estreia do espetáculo do ator e diretor capixaba Marcelo Ferreira: Armazém Viktória. As apresentações acontecem às 19h30, no sábado, dia 3, e às 17 horas e às 19h30, no domingo, 4. Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados uma hora antes do início do espetáculo.

Com forma híbrida, Armazém Viktória utiliza recursos do teatro, da dança e da performance, com passagens improvisadas em tempo real. Produzido pela Cia Teatro Urgente em parceria com o coletivo Marcas D’Água, do Rio de Janeiro, o espetáculo é ambientado em uma espécie de campo de concentração para excluídos da sociedade. O público, segundo Marcelo Ferreira, é inserido em uma experiência imersiva a partir de projeções do coletivo PixxFluxx, com imagens criadas por Raphael Newman.

“O espetáculo é um ensaio sobre a crueldade e reflete sobre a maldade humana em situações de tortura, de abandono e indiferença à dor do outro”, explica o diretor, fazendo referência, também, ao teatro teorizado por Antonin Artaud.

Ferreira classifica o espetáculo como Teatro Pós-Dramático, conceito formulado pelo teórico alemão Hans Ties Lehman, que identificava criações cênicas não convencionais, ou seja, sem uma trama específica ou construção tradicional de personagens e diálogos. “Não é uma obra linear e pode ser montada alterando a ordem das cenas”, diz.

Imagem
Imagem de uma cena do espetáculo, na qual aparece um braço estendido buscando sair de uma rede

Inspiração

O argumento do espetáculo surgiu, segundo Ferreira, quando ele fazia uma pesquisa sobre a censura na arte para o espetáculo O Império da Burrice, montado pela Cia de Teatro Urgente no ano passado. Em certo momento, o diretor encontrou uma matéria sobre a “arte degenerada”, obras modernas assim classificadas pelos nazistas, que as confiscavam e guardavam no Armazém Viktória, localizado no porto de Berlim.

“De imediato, um insight me remeteu à ilha de Vitória, cidade portuária aonde chegam refugiados e se isolam minorias e excluídos num depósito, reunindo cenas e personagens que a sociedade prefere não ver”, diz. À referência alemã se somou o documentário Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex e Armando Mendz, sobre a instituição psiquiátrica Hospital Colônia de Barbacena, onde mais de 60 mil pessoas foram mortas ao longo de décadas. Os quadros do pintor irlandês Francis Bacon, conhecido pelas imagens chocantes de corpos humanos, também foram inspiração para o espetáculo.

Armazém Viktória tem apoio da Ufes, do coletivo Pixx Fluxx e da Casa da Música Sonia Cabral, e patrocínio do Fundo Estadual de Cultura do Espírito Santo, do Governo do Estado.

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