Após expedição técnica, equipe da Ufes reúne dados para construção de nova estação científica no Arquipélago de São Pedro e São Paulo

06/02/2025 - 15:52  •  Atualizado 06/02/2025 17:05
Texto: Thiago Sobrinho     Edição: Thereza Marinho
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Estação científica já existente no arquipélago

A Ufes deu mais um passo no projeto de construção da terceira estação científica no Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Após dez dias de expedição técnica, a equipe liderada pelo reitor Eustáquio de Castro e pela professora do curso de Arquitetura e Urbanismo Cristina Engel, pró-reitora de Planejamento e Desenvolvimento Institucional, retornou ao Estado com dados para a auxiliar na definição da localização e das especificações da nova base.

Em maio de 2024 foi assinado em Brasília o Termo de Cooperação Técnica para o desenvolvimento da futura estação científica. A expectativa é que ela comece a ser montada na ilha a partir de 2026. O projeto é fruto de uma parceria entre a Universidade, a Marinha do Brasil, a Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

O reitor Eustáquio de Castro destaca o orgulho de realizar o trabalho ao lado de uma equipe técnica altamente capacitada. “Isso só é possível porque há muito tempo a Ufes apoia projetos que são desenvolvidos em áreas inóspitas”, ressalta.

Para Cristina Engel – que é especialista em construção em áreas inóspitas e acompanhou toda a reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz, atingida por um incêndio em 2012 – a iniciativa está sendo possível justamente porque a Ufes possui essa experiência no desenvolvimento de projetos desafiadores. “É um orgulho, pois estamos servindo ao País com a logomarca da Ufes”, reitera a pró-reitora e professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo.

A viagem também teve como objetivo realizar uma visita à Reserva Biológica (Rebio) do Atol das Rocas e ao Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. A ideia foi de conhecer as condições para construção da terceira estação científica no arquipélago e avaliar as condições das estruturas já construídas pela Ufes nos três locais. Entrentanto, no Atol das Rocas isso não foi possível, em função das más condições do mar para o desembarque.

Tripulação

A expedição, realizada em janeiro, foi feita com o navio Araguari, da Marinha do Brasil. Entre os tripulantes estavam presentes autoridades, técnicos e profissionais de diferentes partes do País, além dos militares.

Castro enfatiza a importância da interação entre os participantes da expedição: “Foram momentos muito interessantes, que vão além dos aspectos acadêmicos e científicos. O trabalho em equipe envolvendo o pessoal da Marinha, pesquisadores das instituições presentes e estudantes possibilitou o sucesso alcançado na proposta”. “Tivemos muitas atividades a bordo do navio Araguari, como palestras, apresentações das instituições e a elaboração de estratégias de atuação em temas relacionados ao ambiente oceânico”, complementa Cristina Engel.

Outra aproximação valiosa, de acordo com a pró-reitora, foi com os quatro pesquisadores que atuam na base científica instalada atualmente no arquipélago. “Conseguimos conversar com eles e identificar quais são seus anseios, o que acham que funcionou bem e o que deve ser aprimorado para a próxima estação”, aponta.

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Foto do arquipélago de São Pedro e São Paulo

Cronograma

A expectativa, segundo Cristina Engel, é que até o segundo semestre de 2025 haja a definição do local em que será instalada a base científica. O cronograma ainda prevê que até o fim deste ano o desenho do projeto e das peças que formarão a base seja finalizado. A ideia é que a residência comporte de quatro a seis pesquisadores.

“2025 será dedicado à pesquisa sobre tecnologias construtivas e ensaios laboratoriais. Para 2026, esperamos que seja feita a compra do material, os testes de montagem da base e a sua montagem no local. Depois que a casa é montada, passamos por um período de monitoramento também”, explica.

Um dos desafios logísticos da estação, segundo a pró-reitora e pesquisadora, é a sua distância da costa brasileira. Isso porque o Arquipélago de São Pedro e São Paulo está a mais de 1.100 quilômetros de distância da costa do Brasil.

“Esperamos que essa futura estação tenha as mesmas qualidades da primeira: que seja segura, que permita o desenvolvimento de pesquisa e que as pessoas possam morar lá durante algum tempo em uma condição de conforto, mas que seja mais fácil de limpar e de manter”, avalia.

A expectativa é que a base seja construída em placas com compósitos termorrígidos, material parecido com PVC, ao invés de madeira. A ideia é que o material passe por uma série de testes antes de ser efetivamente enviado para a sua instalação na ilha.

Impacto ambiental

Engel destaca que a implantação da terceira estação se beneficia do acúmulo de informações que a Universidade possui em relação ao momento em que foram erguidas as construções anteriores. Junto dessa expertise, segundo ela, o apoio do ICMBio é fundamental para ajudar a avaliar e mitigar o impacto ambiental no local.

Ela explica que, a partir da parceria com o ICMBio, que realiza trabalhos no local, os pesquisadores podem acompanhar se houve alteração no comportamento ou na distribuição da vida no arquipélago a partir da presença da estação científica.

“Além disso, eles são os nossos principais financiadores. Eles têm todo o interesse em que a estação seja o mais sustentável possível”, conclui.

Fotos: Heitor Rangel

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